97. Como Se eu Fosse um Obstáculo
“Ettore Bianchi”
Há algo mágico nos dias que começam perfeitos. A sensação de que tudo está no lugar certo, de que o universo finalmente decidiu cooperar.
Foi exatamente assim que me senti durante toda a manhã com Liz. Preparando café juntos, rindo de besteiras, planejando o futuro como se fôssemos apenas um casal apaixonado.
Mas há uma vozinha irritante no fundo da minha mente sussurrando que dias leves assim raramente terminam da mesma forma que começaram.
Que a vida tem o péssimo hábito de nos dar tapas na cara quando menos esperamos.
Mas hoje, escolho ignorar essa voz.
Hoje, quero apenas aproveitar essa sensação de que tudo está certo no mundo.
— Você está sorrindo sozinho — Liz comenta, do banco do passageiro, entrelaçando nossos dedos enquanto dirijo em direção à mansão dos meus pais.
— Só pensando no quanto hoje foi bom — respondo, levando nossa mão entrelaçada aos lábios para beijar seus dedos.
— Ai, que nojo — Giulia resmunga do banco de trás. — Vocês são patéticos. Completam