73. Como Se o Tempo Parasse
“Liz Bianchi”
A pergunta sai com mais naturalidade do que eu esperava, mas é impossível não provocá-lo quando ele age como fazia anos atrás.
Quando me observava de longe e eu fingia que não notava, mesmo reconhecendo seu perfume de longe. Sua presença.
Finalmente, viro o rosto para encará-lo. Ele hesita na porta, como se não soubesse se devia entrar ou se desculpar e voltar para o quarto.
— Não conseguia dormir — ele diz, por fim, entrando. — E você?
— Minha cabeça não para — admito. — Fico pensando em mil detalhes que podem dar errado amanhã.
— Você devia descansar — comenta, depois aponta para o sofá. — Posso?
Assinto, recolhendo alguns papéis para dar espaço.
— Como está indo? — pergunta, pegando um dos esboços enquanto se senta.
— Melhor do que eu esperava. Paolo tem sido… surpreendentemente colaborativo.
— Paolo? — ele ergue uma sobrancelha, visivelmente surpreso.
— Também fiquei chocada — admito, rindo baixo. — Mas ele conhece fornecedores que eu nem sabia que existi