40. Nem Guerra Declarada, Nem Paz
“Liz Bianchi”
A neve finalmente parou de cair quando abro os olhos. A claridade que invade o quarto é quase bem-vinda depois de dois dias de céu encoberto e clima sombrio.
Olho para o lado e encontro a cama vazia. Os lençóis estão quase impecáveis e, se não fosse pelo perfume dele no travesseiro, eu poderia jurar que Ettore sequer dormiu aqui.
Fecho os olhos por um instante, permitindo que as lembranças de ontem retornem. As mãos dele na minha pele. O calor. A confissão sussurrada.
O quase.
O quase continua pairando entre nós, mesmo depois de tentarmos seguir convivendo no mesmo ambiente como se nada tivesse acontecido.
— Você consegue, Liz — murmuro baixinho, me forçando a levantar da cama. — Pior do que estava não fica.
Sigo para o banheiro e, enquanto escovo os dentes, encaro meu reflexo no espelho. E, mais uma vez, a pergunta volta à minha mente:
Como me comportar na frente dele?
Porque, querendo ou não, esse novo território entre nós — nem guerra declarada, nem paz — é mais peri