210. A Realidade B**e à Porta
Se tem uma coisa da qual eu não posso reclamar no meu relacionamento com Lorenzo, é de monotonia.
Numa hora, ele me deixa preocupada com reuniões misteriosas e ligações sussurradas.
Na outra, tenta me compensar com jantar em casa, vinho e, agora, uma noite de filmes, finalmente como um casal normal.
— Já escolhi o jantar, amore. Pode escolher o filme — digo, me aconchegando no sofá ao lado dele com uma taça de vinho na mão. — Qualquer coisa serve.
— Qualquer coisa? — ele pergunta, passando pelos canais. — Até documentário sobre tubarões?
— Nada de documentários. Quero algo que não me faça pensar.
— Considerando a semana que tivemos — ele murmura, me puxando mais para perto —, faz sentido.
A semana.
Prefiro não pensar na tensão que percebi em Lorenzo nos últimos dias. Como se algo o estivesse incomodando, mas ele se recusasse a dividir comigo.
— Sem pensar em mais nada hoje — ele percebe minha mudança de humor e interrompe a busca pelo filme. — Só você e eu, ragazza.
— Promete?
— Prome