Naquele momento, eu perdi todas as esperanças.
— Mana, vamos para casa arrumar nossas coisas e ir embora.
Minha irmã não disse nada. Apenas assentiu, em silêncio.
No caminho para casa, abri o Facebook e vi uma nova publicação de Renata. Na foto, ela segurava um bebê nos braços, um sorriso radiante no rosto. Ao lado dela, Samuel e Leo olhavam para o bebê com expressões de puro carinho.
[Bem-vindo ao mundo, meu pequeno anjo. Obrigada a Samuel e Leo por estarem ao meu lado o tempo todo.]
Nos comentários, Samuel e Leo eram ativos:
[Renata, você é incrível. Obrigado por nos dar esse presente maravilhoso.]
[Vamos cuidar desse bebê como se fosse nosso próprio filho.]
Senti uma pontada no peito e as lágrimas começaram a escorrer novamente. Eu e minha irmã tínhamos perdido nossos filhos, enquanto outra mulher exibia sua felicidade, uma felicidade que, na realidade, deveria ser nossa.
A dor da perda do meu bebê voltou a me consumir.
Quando chegamos em casa, abri a porta e olhei para o lugar que um dia foi cheio de risos e esperanças. Um lugar que eu sonhava ser meu lar para sempre. Agora, tudo o que restava eram lembranças dolorosas e arrependimento.
Comecei a arrumar minhas coisas em silêncio, preparando-me para deixar aquele lugar que tanto me machucava.
De repente, a porta se abriu. Samuel entrou e, ao me ver, pareceu surpreso por um instante, mas logo seu rosto voltou à expressão fria e indiferente de sempre.
— Você voltou? — Perguntou ele. — Onde está aquela manta de bebê que você costurou? Pegue logo, Renata está precisando.
Olhei para ele, tentando segurar as lágrimas, e respondi:
— Samuel, aquela manta foi feita para o nosso bebê. Cada ponto foi costurado por mim. Como você pode dá-la para outro bebê?
Ele franziu a testa, irritado:
— Para de ser egoísta. Nosso filho nem nasceu ainda. Quando ele nascer, eu compro outra.
Samuel olhou ao redor e resmungou, com uma expressão de aborrecimento:
— E por que você não arrumou a casa? Está uma bagunça.
Cada palavra dele parecia um golpe direto no meu coração.
— E além disso. — Continuou ele. — Sua irmã e Leo andaram brigando. Foi você que colocou ideias na cabeça dela, não foi? Dá pra parar de arrastar os outros nos seus problemas? Você vai ser mãe; será que não pode amadurecer?
As palavras dele eram como lâminas, cortando meu último fio de paciência. Apertei os punhos com força, sentindo as unhas perfurarem minha palma, tentando não chorar.
— Samuel, eu estou exausta. Podemos deixar isso para amanhã?
Sem esperar resposta, virei-me e fechei a porta do quarto com força, deixando-o do lado de fora.
Encostei na porta e senti as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto. Aquela noite, fiquei deitada na cama, incapaz de dormir. A traição de Samuel e Leo preenchia minha mente com dor e desespero.
Quando o dia finalmente amanheceu, levantei cedo e comecei a organizar as últimas coisas.
Mas, ao abrir a porta, me deparei com uma cena inesperada.
No meio da sala, estavam Samuel e Leo, acompanhados por Renata e o bebê recém-nascido. Eles estavam conversando e rindo, parecendo confortáveis e felizes, como se aquele fosse o lar deles de verdade.
Senti meu coração se partir.
— O que ela está fazendo aqui? — Perguntei, tentando controlar meu tom de voz.
Samuel olhou para mim com indiferença e respondeu:
— Renata acabou de ter um bebê. Ela precisa de cuidados, então decidimos que ela vai ficar aqui por um tempo.
— O quê? — Arregalei os olhos, incrédula. — Vocês só podem estar brincando. Essa casa é minha! Não é um hotel para ela!
— Para de drama. — Disse Leo, com a testa franzida. — É só temporário. Quando ela estiver melhor, vamos encontrar outro lugar para ela.
Eu abri a boca para argumentar, mas Samuel me interrompeu:
— Chega, Lúcia. Renata e o bebê estão com fome. Vou preparar algo para eles.
Ele e Leo foram para a cozinha, deixando-me parada ali, sozinha.
Renata se aproximou, um sorriso provocador no rosto.
— Lúcia, você perdeu. Samuel e Leo agora estão comigo. Vocês duas nunca foram importantes para eles.
Antes que eu pudesse responder, Renata fingiu tropeçar e caiu no chão.
— Ai! — Ela gritou, atraindo a atenção de Samuel e Leo.
— Renata, o que aconteceu? — Perguntou Samuel, correndo até ela.
Renata, com os olhos cheios de lágrimas, apontou para mim:
— Lúcia me empurrou.
— O quê? Eu não toquei nela! — Protestei, desesperada.
Minha irmã também tentou me defender:
— Renata mente! Ela caiu sozinha!
Leo a interrompeu, olhando-a com frieza:
— Fique quieta. Você sabe o que sua irmã fez.
Nesse momento, Samuel olhou para mim, percebendo algo. Seus olhos se estreitaram e sua voz ficou ameaçadora:
— Lúcia, onde está o nosso bebê? Por que sua barriga ainda está... plana?