Mundo de ficçãoIniciar sessãoNa alcateia do Norte existia uma regra implacável: o herdeiro Alfa jamais podia se unir a uma garota humana. Mas Kellan Wolf criou um vínculo de companheiros comigo. Para ficar ao meu lado, ele desafiou o Círculo dos Anciãos, recebeu noventa e nove golpes de chicote e foi obrigado a ajoelhar diante do altar por três dias e três noites. O sangue se espalhou pela camisa dele, mas ainda assim, abriu um sorriso ao me encarar. — Iris, não tenha medo. — Murmurou ele, com aquela teimosia luminosa nos olhos. — Eu só quero você. Quando, enfim, os anciãos cederam e aceitaram que fugíssemos juntos, impuseram uma condição: a alcateia precisava de um herdeiro de sangue puro. Desde então, Kellan repetiu para mim a frase que mais marcou nossa vida: Espere. A primeira vez, pediu que eu esperasse enquanto ele colocava outra loba para gerar o herdeiro. Então ele se deitou com Josia trinta e três vezes, até que ela engravidou. A segunda vez, pediu que eu esperasse de novo, porque o bebê era uma menina e os anciãos queriam um menino. Então ele voltou a procurar Josia, outras noventa e nove vezes, até que ela engravidou mais uma vez. Quando acreditei que, finalmente, nosso sofrimento estava perto do fim, a filha deles, que acabara de completar cem dias de vida, ingeriu por engano a erva venenosa para lobisomens. Todos apontaram o dedo para mim. Fui jogada dentro de uma câmara frigorífica a vinte graus abaixo de zero. Kellan permaneceu na porta, os olhos vermelhos como sangue partido. — Eu pedi para você esperar. — A frieza dele cortava mais do que o gelo. — Você sabe o que esse veneno significa para nós. Por que tentou ferir a minha criança? A criança dele. A frase rasgou meu peito como garras afiadas. Enterrei as unhas nas palmas das mãos até sentir o gosto quente do meu próprio sangue. Quando a porta da câmara se abriu novamente, soltei os dedos, ensopados e vermelhos. Dessa vez, eu não esperei.
Ler mais[Ponto de Vista de Iris]Eu ouvi tudo em silêncio, sem dizer uma palavra.Só quando Lucien terminou de falar e me olhou com expectativa, eu finalmente falei.— O que aconteceu no passado, eu não vou perdoar vocês. Mas também não vou mais guardar rancor. Eu tenho minha própria vida para viver. Não quero mais desperdiçar meu tempo com esse tipo de coisa.Lucien ficou em silêncio por um bom tempo depois de me ouvir. Por fim, soltou um longo suspiro e tirou um caderno de dentro da bolsa.Na hora, eu reconheci aquele diário.Foi o primeiro presente que dei ao Kellan quando começamos a namorar, com o dinheiro do meu trabalho de meio período.Naquela época, Kellan ficou extremamente emocionado. Ele disse que ia usar aquele diário com todo carinho e registrar todos os momentos nossos, para mostrar um dia aos nossos filhos.Disse que queria que eles soubessem o quanto os pais deles se amavam.— Depois que você foi embora, Kellan ficou meio fora de si. Ele escrevia todo dia nesse diário. O que e
[Ponto de Vista de Iris]Logo, Kellan e eu fomos levados de helicóptero para o hospital mais próximo. Assim que pousamos, os paramédicos colocaram Kellan numa maca móvel e o levaram às pressas para a sala de cirurgia.Fechamento de portas, assinaturas, impressões digitais. Minha cabeça estava tonta, zonza.Sob as orientações do médico, concluí todos os procedimentos necessários e, logo em seguida, perdi totalmente as forças. Tudo escureceu diante dos meus olhos e desabei no chão.— Ei! Alguém vem rápido! Tem uma pessoa desmaiada aqui!Quando voltei a mim, já havia se passado um dia. Pelas palavras da enfermeira, soube que a cirurgia de Kellan havia sido um sucesso, e que ele já havia sido transferido para um quarto normal.Infelizmente, devido à grande perda de sangue e ao cansaço extremo, suas doenças antigas voltaram a se manifestar. Ninguém sabia quando ele iria acordar.Talvez amanhã... talvez nunca.Ao ouvir isso, meu coração afundou. Afinal de contas, ele havia me salvado. Eu tam
[Ponto de Vista de Iris]Olhei para os braços do menino e percebi que ele carregava uma pilha de brinquedos. Havia ainda mais espalhados aos seus pés. De repente, lembrei que a mãe dele já havia falecido, aqueles brinquedos eram as últimas lembranças que ela tinha deixado para ele.Pedi ao professor que levasse o menino de volta ao orfanato imediatamente e disse que eu pegaria os brinquedos e os levaria depois. Prometi ao menino que traria todos eles para ele, sem deixar nenhum para trás.Assim que os vi saírem, corri para pegar um saco de aniagem e, o mais rápido que pude, joguei todos os brinquedos lá dentro. Mas no exato momento em que me preparava para carregar o saco e sair dali, uma avalanche de lama explodiu pela janela!O tempo congelou. O medo apertou meu coração com mãos de ferro.Diante dos meus olhos, só restava o fluxo imundo e denso de lama, carregando pedaços de madeira e pedra, invadindo a casa. Ela rugia como uma fera do inferno, ultrapassando o parapeito da janela. O
[Ponto de Vista de Iris]Porque Kellan queria entender.Queria saber por que eu fui embora de repente, por que parti sem me despedir, por que todos ao redor insistiam em impedi-lo de me encontrar.Mais do que tudo, ele queria me perguntar... se eu ainda o amava.Mas, quando tentou falar, as palavras simplesmente travaram na garganta.Depois de muito tempo, Kellan finalmente disse:— Eu quero te levar de volta pra casa.Kellan contou como descobriu quem a Josia realmente era. Contou como lidou com ela e com a criança.Contou sobre o arrependimento dos anciãos. Contou o quanto ficou à beira da loucura tentando me encontrar nesses últimos meses.Eu apertei o celular nas mãos com força, tentando conter os tremores que percorriam o meu corpo.Não era alívio. Não era tristeza.Era a verdade, chegando tarde demais, rasgando a ferida que já tinha cicatrizado por fora, mas que por dentro ainda apodrecia.Tarde demais. Tudo tarde demais.Eu já tinha passado da fase em que precisava da verdade.
[Ponto de Vista de Iris]Toda a visita e a negociação correram sem problemas. Kellan decidiu ali mesmo que, a partir do mês seguinte, o orfanato receberia uma doação anual de um milhão, o suficiente para garantir que todas as crianças pudessem concluir o ensino superior.O contrato foi assinado com rapidez. A diretora, junto com os professores que os acompanharam, os convidou com entusiasmo para almoçar no novo refeitório do orfanato.Durante o trajeto, Kellan parecia prestes a falar algo o tempo todo, mas se calava logo em seguida. Foi a diretora quem quebrou o silêncio primeiro.— Senhor Kellan, você veio até aqui para perguntar sobre a Iris, não foi?Os olhos dele se iluminaram no mesmo instante.Antes que conseguisse responder, a diretora continuou:— Ela me falou sobre você. Eu também sei onde ela está, mas ela não vai querer te ver.Os dedos de Kellan se contraíram, num espasmo involuntário.As unhas cravaram na palma da mão, atravessando a pele sensível até provocar uma dor agud
[Ponto de Vista de Iris]Depois do jantar, todos ajudaram a limpar e logo foram se recolhendo. Eu já estava a caminho do meu quarto quando ouvi a diretora Margaret me chamar pelas costas.— Iris, posso falar com você um instante?Pouco depois, estávamos as duas sentadas num banco no canto do pátio. Eu segurava o braço dela, como fazia quando era pequena.— Tem certeza de que não quer ir naquele dia?A voz da diretora carregava um pesar silencioso. Ela me criou desde criança, viu de perto o quanto lutei e sofri para sair dessas montanhas.E agora que eu tinha conseguido, voltei... por causa do orfanato. Ela temia que eu me prendesse aqui para sempre.Quando soube que a família Wolf enviaria uma equipe para avaliar o orfanato, Margaret ficou empolgada. E quando chegou a hora de escolher alguém para acompanhar os visitantes, pensou em mim primeiro.Ela dizia que, por ser tão dedicada, talvez eu fosse elogiada pela equipe. Quem sabe até chamada para trabalhar em algum lugar melhor.Também





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