Há um mês, fui infectada involuntariamente pelo veneno letal do Sangue de Lobos, algo incurável. Meu corpo começou a se deteriorar dia após dia, até que hoje, minha loba foi completamente destruída — e minha vida entrou em contagem regressiva: restam apenas três dias. No penúltimo dia da minha vida, aceitei doar meu rim para minha irmã. Meu companheiro ficou radiante e disse que me recompensaria depois. Depois que minha irmã plagiou minha tese de pesquisa sobre o Elixir Beladona e foi criticada e xingada no fórum da escola, eu mesma assumi a culpa, dizendo que havia sido eu quem copiou. Meus pais ficaram muito satisfeitos — disseram que finalmente eu havia amadurecido. Finalmente, me tornei a companheira ideal. A filha perfeita. Mas quando meu corpo virou um cadáver frio, por que todos estavam chorando?
Leer másA mãe levantou a mão e deu um tapa estalado no rosto de Laila, chorando em desespero:— Como você teve coragem? A Zara era sua irmã! Por que... por que você quis tirar a vida dela?Laila, com o rosto rubro e inchado, jamais tinha apanhado assim na vida. Levantou lentamente a cabeça e, nos olhos que encararam a mãe, só havia veneno:— Por que ela era a irmã? Nós somos gêmeas! Temos o mesmo rosto... então por que ela é sempre a melhor? Por que vocês todos a amam mais? Se era pra ser assim, por que não tiveram só ela? Pra quê me dar à luz?A mãe ficou atônita com o que ouviu.— Em que momento te tratamos mal? Seu pai e eu sempre fomos justos... E depois que achamos que a Zara tinha errado, fomos nós que colocamos você no pedestal! Você quer mais o quê?Laila gritou, rasgando os cabelos:— Por que eu teria que me contentar?! Vocês podem me amar o quanto quiserem, mas e o Simon?! Por que ele também amava ela? Mesmo sem vocês, ainda havia alguém que cuidava dela!Ela gritou, perdendo complet
Simon apontou diretamente para o pai, revelando a verdade sem rodeios:— Esse rim que você carrega... foi transplantado da Zara. E o outro rim dela? Agora está dentro da Laila! Vocês dois — pai e filha — arrancaram os rins da Zara... e junto com eles, tiraram também a vida dela!CLANG!Laila derrubou a tigela de mingau em cima da mesa, o barulho ecoou seco no quarto.Apressada, ela levou a mão à barriga, tentando desviar a atenção dos pais:— Papai... mamãe... estou com dor no estômago... podem chamar a Bruxa da Cura, por favor?Mas a mãe, que até então sempre a mimava sem restrições, agora permanecia imóvel, o rosto pálido como papel, como se não tivesse escutado uma só palavra.— Você disse... que a Zara morreu? Como assim? Está inventando isso só para nos enganar?De repente, como se tivesse encontrado uma brecha, ela sorriu com sarcasmo:— Se ela só tinha um rim, como teria concordado em doá-lo à Laila? Isso é mais uma encenação! Além disso, fui eu que vi a cicatriz da cirurgia na
A voz de Simon tremia:— Quer dizer que... a Zara só tinha um rim?A Bruxa da Cura corrigiu com seriedade:— A senhorita Zara provavelmente já havia doado um rim antes, por isso só tinha um. Quando descobrimos isso durante a operação, ela já estava morta por envenenamento. Para que sua morte não fosse em vão, decidimos aproveitar o rim que ainda estava funcional para o transplante.Ela disse isso ainda com uma expressão de injustiçada:— Eu tentei avisar vocês logo após a cirurgia. Mas preferiram seguir direto com a outra paciente e ainda mandaram que ninguém os interrompesse. Por isso fomos obrigados a deixar a senhorita Zara no necrotério.Ao ouvir isso, Simon perdeu completamente as forças e desabou no chão, murmurando em voz baixa:— A Zara só tinha um rim... e eu ainda a forcei a doar... Fui eu que... matei ela...De repente, como se algo tivesse acendido em sua mente, ele ergueu a cabeça com um olhar determinado:— Ela já havia doado um rim antes? Para quem?Ninguém respondeu.En
Eu achava que, com a aprovação de papai e mamãe, Simon certamente aceitaria o amor de Laila e encerraria nosso vínculo de companheiros.Afinal, um ano atrás, quando os dois já estavam próximos, ele havia cortado a conexão comigo sem hesitar.Na verdade... talvez ele já quisesse se livrar de mim há muito tempo, não?Mas, para minha surpresa, ele recusou:— Não quero mais ouvir sobre isso. Minha companheira sempre será Zara. Vou ver se ela já acordou.Ele entrou no quarto onde eu deveria estar.Mas, ao não me encontrar, foi atrás da Bruxa da Cura, interrompendo-a com urgência:— Cadê a Zara? Ela acabou de fazer a cirurgia de doação de rim. Por que não está no quarto?A bruxa ficou muda por um instante, depois respondeu:— A doadora? Ela... morreu durante a operação.O corpo de Simon tremeu. Incrédulo, repetiu:— O quê... o que você disse?A Bruxa da Cura repetiu com calma.Depois de hesitar, ainda completou:— Eu queria contar logo após a cirurgia. Mas vocês nem se importaram com ela...
Foi então que a Bruxa da Cura saiu da sala de cirurgia. Os três correram até ela, ansiosos por saber como tinha sido a operação.Saí do turbilhão das minhas memórias e, ao ver aquela cena, meu coração se apertou.Eu queria saber... quando eles descobrissem que eu tinha morrido, qual seria a reação deles?A bruxa tirou as luvas, exausta, e disse:— A cirurgia foi um sucesso. O rim foi transplantado com sucesso. Mas... a pessoa que o doou…Antes que ela pudesse terminar a frase, a assistente apareceu empurrando Laila para fora da sala.Os três imediatamente correram até ela, sem sequer se importar com o que a bruxa ainda ia dizer.E meu corpo... foi jogado de qualquer jeito dentro do necrotério gelado.De repente, fui tomada por uma tristeza profunda.Ninguém se importou comigo em vida — e nem mesmo minha morte foi digna de atenção.Nem um gesto de respeito, nem um lençol me cobrindo.Será que eu era mesmo tão desprezível assim?Eu me esforcei tanto…Cedi uma vez atrás da outra, tentei a
Minha alma flutuava no ar e, para minha surpresa, não se dissipou imediatamente.Vi a Bruxa da Cura abrir meu corpo com o bisturi de osso de dragão, mas encontrou apenas um rim.Ela exclamou, chocada:— Como assim... só tem um rim?Logo depois, gritou furiosa:— Que absurdo! Com apenas um rim, como queriam fazer uma doação? Isso é assassinato!Nesse momento, sua assistente entrou em pânico:— Bruxa, o coração da paciente parou! O que está acontecendo?Foi só então que perceberam: eu havia sido envenenada.O veneno já estava entranhado na minha medula fazia tempo. Não havia salvação.A assistente, desnorteada, perguntou:— E agora, Bruxa, o que devemos fazer?A Bruxa da Cura balançou a cabeça, pesarosa:— Continue com o transplante. A paciente já está morta. Esse rim... não deve ser desperdiçado.Deixei a sala de cirurgia e flutuei para fora.Do lado de fora, mamãe, papai e Simon aguardavam, ansiosos.Mamãe estava inquieta:— Por que a cirurgia ainda não terminou? Já estão lá dentro há
Último capítulo