Horas haviam passado desde que Brian saíra, e Sophie não sabia dizer quanto tempo exatamente. Podiam ter se passado minutos ou dias, o tempo ali dentro era um borrão estático, sem janelas, sem relógio, sem sol. Apenas as luzes frias acesas sobre sua cabeça e o reflexo mil vezes multiplicado de sua própria imagem, abatida, suja, sem qualquer dignidade.
Sentada no canto da parede espelhada, com as pernas encolhidas contra o peito e os braços envolvendo o corpo, Sophie chorava baixinho. As lágrimas já não vinham com desespero. Vinham como um fluxo constante, silencioso, como se seu corpo tivesse se acostumado à dor. Chorava por ela, por Daniel, pela vida que foi arrancada como se nunca tivesse importado.
O reflexo não mentia. Cada corte, cada hematoma, cada tremor, tudo era exibido como um espetáculo grotesco ao redor dela.
Por que ele fazia tudo isso?
Por que parecia amar e destruir na mesma medida?
A maçaneta girando foi a única coisa que rompeu o transe. A porta se abriu devagar, e B