A manhã mal havia nascido, mas o quarto em que Sophie estava permanecia mergulhado numa penumbra sufocante. As cortinas grossas de veludo ainda bloqueavam toda a luz, como se fossem cúmplices da prisão. O ar ali dentro parecia antigo, parado, e cada respiração exigia um esforço consciente.
Sophie sentia o corpo cansado, os músculos doíam, a pele ainda carregava o ardor das últimas horas. Mas havia algo em seus olhos, uma chama quase imperceptível que teimava em não se apagar.
Arrastou-se com dificuldade até o limite da corrente, o tornozelo latejava, mas ela não se importava. Seus olhos estavam fixos na porta.
O único caminho.
A única chance.
Com movimentos contidos, ela estendeu os dedos e tocou o metal da corrente, seguindo-a até o ponto onde ela se prendia ao chão de mármore. A base era sólida, o ferro incrustado na pedra, como se fizesse parte da própria estrutura. Sophie puxou com força, depois, com mais força. O som metálico cortou o silêncio como uma lâmina, um estalo seco e ás