Eva
Acordar de um sono induzido nunca é uma experiência gentil. Há sempre uma névoa espessa entre o inconsciente e a realidade, e no meu caso, essa transição parece sempre vir acompanhada de pânico e violência.
As pernas são as primeiras a reagir, um tranco seco que choca meus pés contra uma superfície macia. O carpete sob mim absorve o impacto, mas não suaviza o desconforto. Em seguida, meu tronco se ergue com brutalidade, os braços se lançam para frente, e a bile amarga sobe pela minha garganta. O coração martela contra o peito, bombeando sangue em disparada para o cérebro, rápido o bastante para me manter consciente, mas não lúcida.
O quarto está em penumbra. Uma lareira crepita à minha frente, lançando sombras dançantes nas paredes. O calor que emana dela é quase reconfortante, mas o medo lateja mais alto que qualquer sensação agradável.
— Mas o que… — Tento articular algo, mas minha língua está pesada, os pensamentos desordenados, atropelando-se dentro da cabeça. E então percebo: