Eva
Eu mal tinha fechado os olhos quando fui despertada pela luz fraca que atravessava a janela alta. A mansão parecia ainda mais silenciosa naquele início de manhã, como se o mundo lá fora ainda estivesse adormecido — ou observando. A sensação de estar sendo vigiada nunca me abandonava completamente, mesmo com o calor de Anton ainda presente no lençol ao meu lado. Ele já havia saído.
Levantei devagar, pés descalços tocando o chão de madeira polida. Vesti um dos robes de seda pendurados ao lado da porta do closet — caro demais para ser confortável, mas agradável ao toque. Desci as escadas em silêncio, guiada apenas pelo aroma de café que invadia o corredor. Foi fácil encontrá-lo na cozinha — o homem que comanda com violência uma parte da Europa Oriental, ali, misturando açúcar na xícara como se não tivesse sangue nas mãos.
— Dormiu bem? — perguntou ele, sem se virar.
— O suficiente para esquecer onde estou por cinco minutos — respondi, apoiando-me na bancada fria.
Ele sorriu de lado e