A tarde caía com lentidão sobre os muros do castelo. A luz dourada tingia as pedras e os jardins com um brilho suave, quase cerimonial.
Selena caminhava sozinha, entre canteiros de lavanda e figueiras baixas. O som dos passos era abafado pelo murmúrio da fonte no centro do pátio interno.
Ali, no coração do castelo, ela tentava assimilar tudo. A recepção dos conselheiros. O povo encontrando abrigo. O peso do título que agora lhe pertencia — não por sangue, mas por escolha coletiva.
Por força própria.
Parou diante de um arco coberto por heras e olhou o céu. Nenhuma nuvem. Nenhuma ameaça. Mas a sensação de que o mais difícil ainda estava por vir.
A Anciã se aproximou em silêncio, como se o tempo também abrisse espaço para ela.
— Você anda como sua mãe andava quando algo a preocupava — disse, com um sorriso baixo.
Selena não se virou.
— Talvez porque eu esteja sentindo o que ela sentiu. Essa mistura de coragem com solidão. De certeza com medo.
A Anciã caminhou até ficar ao lado dela. Obse