A madrugada parecia mais longa do que deveria.
Selena virava de um lado para o outro na cama, os pensamentos tão inquietos quanto o corpo.
O silêncio ao redor era espesso.
Mas dentro dela, havia barulho demais.
Darian dormia ao seu lado, tranquilo.
O calor dele a tocava.
Mas nem isso a acalmava.
Ela se sentia deslocada.
Como se estivesse vivendo numa história que pertencia a outra pessoa.
Sentou-se na beira da cama.
A brisa gelada da manhã entrava pela fresta da janela e arrepiava sua pele.
Mas o que mais gelava era o vazio dentro do peito.
Era hora de parar de fingir que não estava acontecendo.
Quando Darian abriu os olhos, viu Selena em pé, vestida, olhando para o horizonte como se esperasse uma resposta do céu.
— Aconteceu algo?
Ela respirou fundo antes de se virar.
— Eu não posso continuar assim, Darian.
Ele se sentou, os cabelos ainda bagunçados do sono.
— Assim como?
— Fingindo que está tudo bem. Que essas coisas que eu sinto, vejo, escuto… não significam nada.