O céu amanheceu com um tom de cinza parado, como se o dia hesitasse em nascer.
Selena encarava a floresta do alto da sacada, mas o que a inquietava não estava nas copas das árvores.
Estava dentro dela.
Era como se a pele não coubesse mais.
Como se houvesse uma frequência abaixo de tudo, uma vibração que pulsava sob os ossos, sem nome, sem lógica.
Na biblioteca, Eleonora a observou com atenção quando ela entrou.
— Não dormiu bem?
Selena se sentou lentamente.
— Não é cansaço. É como se eu tivesse… aceso por dentro.
— Isso é ruim?
Ela apertou os dedos contra as têmporas.
— Não sei. Meus sentidos estão diferentes. O som, o cheiro, o toque… tudo me afeta de um jeito estranho.
Como se estivesse sendo puxada pra algo que não sei nomear.
Eleonora ficou em silêncio por um momento.
Depois disse apenas:
— Nem toda mudança começa com respostas.
Às vezes, elas nascem da confusão certa.
Selena não entendeu completamente, mas também não teve tempo para pensar.
A notícia chegou como