Capítulo 8 •

Me olho no espelho assim que termino de escovar os dentes e lavar o rosto. Meus olhos cinzentos estão especialmente claros hoje e meus lábios bem vermelho, mas a cara inchada de sono rouba toda a cena. Meu cabelo já está crescendo, ainda estou arrependida por surtar e cortar, ele estava enorme.

Saio do banheiro e vou até o guarda roupa, escolher que roupa colocarei para esse dia de folga. Isaac vai sair com as crianças e todos aqui teremos o domingo de descanso. Abro o móvel e fico encarando as peças, estou ficando sem opção de roupas boas, talvez eu peça um adiantamento ao homem para comprar algumas roupas. Homem esse que precisa de um apelido novo e parar de me perturbar até em pensamentos. Estou me sentindo frustrada por ser tão fraca para homens bonitos.

Escuto uma certa gritaria no corredor e me apresso para olhar, abro uma fresta da porta e encaro a cena frente a porta do quarto das crianças. Pietro está chorando e tentando falar, Isaac está ajoelhado em sua frente, tentando acalmá-lo e argumentar sobre tal coisa. Deixo apenas a cabeça para fora e seguro no batente, tentando ouvir bem.

— Mas eu quero! — A criança b**e o pé no chão.

— Mas não vai dar, Pietro. — Diz alisando a mão do garoto — Seremos só nós três. Ela não pode ir! — Enfatiza o final, tentando explicar a criança, mas sem ser grosseiro.

— Eu não vou também! — E cruza os braços, batendo o pé e fazendo pose de machão. Dou um sorriso antes de respirar fundo e sair do quarto.

Conforme ando em direção a eles, puxo a camisa grande masculina que estou usando — seria adequado dizer que roubei do meu ex, Chace, mas na verdade foi do Downie mesmo, pois amei a estampa —, para não mostrar o short relativamente curto que uso e cruzo os braços frente ao peito, para disfarçar o fato de estar sem sutiã.

— Bom dia! — Percebo que não consegui passar despercebida pelo olhar do homem sem barba. De dia fica ainda melhor, que lástima. Ajoelho frente a Pietro, já assumindo a situação e ele continua emburrado, de braços cruzados.

— Tia, quer ir com a gente? — Pergunta fazendo biquinho e quase me derreto toda — Papai vai deixar se quiser ir. Ele é bonzinho. — Os lábios trêmulos enquanto fala é surreal de fofo.

— Olha, a tia tem muito compromisso hoje, mas... prometo que na próxima irei com vocês. Palavra de escoteiro. — Levanto o mindinho e ele fica ainda relutante, mas logo encosta o dedinho no meu.

— Agora podemos ir? — O pai pergunta e ele assente, eu continuo ajoelhada pois não quero expor minhas pernas brancas ao homem ajoelhado ao meu lado. Ele se levanta e respiro aliviada, pois ficar sentada sobre as pernas já está começando a doer. Sedentarismo dando oi.

— Tchau, tia. — Pietro me abraça e retribuo.

— Obrigado! — Olho para cima e vejo o homem me encarando, mas como eu realmente odeio falar sem ser de igual para igual, me coloco de pé e percebo seu olhar descer até minhas pernas, cruzo as mãos frente ao corpo.

— De nada. — Respondo tentando disfarçar meu desconforto. Ele dá uma última olhada e abre um sorriso, antes de virar as costas e sair andando segurando a mão do filho. — Esquisito!

— Eu ouvi. — Diz sem se virar.

— Isso prova que está com a limpeza do ouvido em dia. — Faço careta ao terminar de falar.

Recebo a risada dele de volta. Qual o meu problema? De onde tirei isso de limpeza de ouvido? Acho que a esquisita sou eu. Definitivamente.

Balanço a cabeça e volto ao quarto, preciso pegar uma roupa bem comportada e tomar um banho, para me sentir completamente disposta para mais um dia. Um dia lindo pelo que posso perceber e completamente à toa, ótimo para explorar essa casa enorme e o quintal também.

(...)

Encaro a piscina à minha frente e suspiro fundo. Essa água tá tão convidativa a entrar, queria ser uma convidada aqui e não uma funcionária. Mesmo que com algumas regalias, tipo dormir em um quarto de hóspedes e fazer a refeição na mesa com eles, poder ter acesso a piscina de boa seria bem contraditório.

A piscina é enorme e tem uma barra de proteção a sua volta, bem rente, imagino eu que para proteger as crianças, pois parece ser bem funda. Pelo que pude analisar a uns minutos atrás, pois não tinha nada de melhor para fazer. Essa proteção que rodeia a piscina, é da altura da minha cintura e suas barras de proteção são brancas. Achei estranho quando não encontrei um portão de entrada ou até vi que ela é bem rente a borda da piscina, mas acabei percebendo que ela é de encaixe.

Fecho os olhos e balanço a cabeça, olha o que o tédio faz, já consegui decifrar cada canto dessa casa que era uma novidade para mim. Acho que foi desnecessário esse jeito que arrumaram para proteger a piscina, pois caso queiram tomar banho — coisa que acho que nunca acontece —, eles precisam de pelo menos umas cinco pessoas para levantar o cercado gigante e levar até o espaço gramado aberto ao lado. Ricos e suas estranhezas.

— Tudo bem? — Pulo da espreguiçadeira na hora e quase tenho um ataque do coração.

— Meu pai do céu, não faz mais isso homem. Quase me mata de susto! — Digo enquanto coloco a mão no coração.

— Desculpe. — Grandão pede meio constrangido — Eu percebi sua expressão de tédio enquanto analisava assustadoramente a piscina. Por alguns segundos achei que você pularia nela para cometer alguma loucura formada em sua mente.

— Ei, está me chamando de doida? — Minha testa se franze.

— Jamais. — Se defende — Eu só não quis arriscar. — Diz e dou risada.

— Estava apenas analisando essa obra prima que fizeram para proteger as crianças de cair na piscina.

— Na verdade isso já estava na casa quando ele comprou. — Aponta e se senta na espreguiçadeira que tem ao lado, olho para ele com interesse, tentando fazer com que ele entenda que quero que ele prossiga. Gosto de uma fofoquinha às vezes, quem não gosta? — Os antigos donos eram idosos e tinham muitos cachorros, que adoravam se jogar na piscina e bom, era difícil conseguir pegar. Se bem me lembro, eles foram morar em outro país e venderam a casa para o senhor Jhonson. — Termina de falar e me pego assentindo, em total entendimento e feliz por ele ter entendido minha expressão curiosa.

— Vocês se conhecem a muito tempo? — Pergunto enquanto cruzo as pernas, colocando os cotovelos na coxa e apoiando a cabeça na palma da mão. Para olhar melhor para o homem.

— Eu trabalhava para os avós dele, como segurança. Quando seus eles se "aposentaram" e passaram a herança para ele, foram viver na vinícola da Itália e eu passei a trabalhar para ele.

— Huum, que legal. Dá para perceber a confiança que ele tem em você. — Isso não é questionável. Existe um respeito plausível entre os dois.

— Sim, muitos anos para conquistar isso. Ele é difícil, como já disse antes. — Comenta e faço careta. — Tive de me empenhar bastante de uns anos para cá.

— Imagino. — Concordo com seu argumento. — Falando nisso, eu quero aumentar a nossa aposta. Pois definitivamente eu ainda não vi nada nele que me fizesse mudar de ideia. — Ele suspira fundo, mas não me abalo — Cinco mil. — Ele ri de mim e não entendo o motivo. Ficando bem séria a propósito.

— Sabe que em menos de um mês, vai ter que desembolsar cinco mil para me dar, não é? Como você bem disse, em dinheiro vivíssimo. — Questiona e assinto, despreocupada.

— Eu sei do que estou falando, não vou mudar de ideia até lá. Quando ele e eu estamos juntos, pode ter certeza que vai sair briga. É algo notório. — Digo o óbvio.

— Isso não é mentira. — Concorda comigo. — Tudo bem, aceito. — Estende a mão e abro um sorriso, apertando. Já ganhei essa.

— O que Silvia está achando de minha estadia aqui?

— Bom, tirando as partes que você está tentando colocar as crianças no caminho errado. — Arqueia a sobrancelha e coloco a mão no peito, fingindo não saber o motivo de tal acusação — Ela até que parece estar tranquila com você, não tenho passado tanto tempo com ela a ponto de saber de verdade como ela está reagindo, mas acho que bem.

— Ela fica me olhando de um jeito esquisito as vezes. Por isso perguntei, vai que ela não está gostando e só esperando uma oportunidade de me tirar daqui a pontapés. Sabe, se arrependeu de pedir ao chefão para eu trabalhar aqui. — Dou de ombros e Grandão ri alto, até me assusto com sua atitude. — Eei! — Me expresso ofendida.

— Eu pagaria para ver ela fazendo isso. — Comenta se ajeitando após parar de rir e fico séria — Claro que fazendo isso, mas não em você. Ela disse que você é filha de uma antiga amiga e por isso está te ajudando, pois sua mãe não iria gostar do rumo que sua vida levou. Um rumo um tanto errado.

— Entendi. — Mordo os lábios e suspiro fundo. Um silêncio se forma por alguns minutos, mas resolvo quebrá-lo — Você sabe de onde elas se conhecem? — Curiosidade emana de mim no momento.

— Bom, não seria difícil de imaginar. Quando Silvia era mais nova ela morava perto de onde te levei aquele dia. Provavelmente por isso conhecia sua mãe. — Murmuro em entendimento. — Morou boa parte da vida lá.

— Faz sentido. E vocês, como começou essa história de amor?

— Mais de vinte anos atrás. — Abro um sorriso instantaneamente.

— Nossa! Vocês estão juntos a tanto tempo assim? — Fico admirada e até me ajeito para prestar mais atenção.

— Não necessariamente. — Se apressa a responder e fico confusa — Nós chegamos a namorar na adolescência, ela tinha acabado de completar dezesseis e eu tinha quase dezoito na época, nosso namoro não durou muito. Eu fui convocado e decidimos terminar, só que as coisas não acabaram muito bem. Mesmo que nos gostássemos e ela pedisse para eu ficar, eu não podia e queria tentar algo melhor na vida para ajudar minha família. Nós brigamos feio e nos afastamos. — Seu semblante fica triste. — Eu disse que voltaria, mas ela não aceitou. Éramos jovens e imaturos na época.

— Que triste — Solto tocada pela história — Mas vocês estão juntos agora. O que aconteceu?

— Bom, nos reencontramos a oito anos atrás e foi como se nunca tivéssemos terminado. — O sorriso dele volta. — Ambos estávamos solteiros e logo ficamos juntos, casamos no ano seguinte e estamos juntos até hoje, pretendo ficar bem velhinho ao lado dela. — Abro um sorriso após ele terminar de falar. — Perdi muito tempo longe do meu grande amor.

— Quem diria que um homem grandão assim teria tanto sentimento. É difícil de acreditar. — Implico e ele revira os olhos— Espero um dia ter uma história de amor assim. Que apesar de tudo, o amor verdadeiro prevaleça. E que primeiro de tudo, a pessoa me suporte, sou bem difícil. — Acabo rindo no final.

— Com certeza você vai ter, pequena. Quando menos esperar, sua alma gêmea vai aparecer. — Diz convicto — Vai te amar apesar dos surtos.

— Assim espero. — Levanto a mão pro céu e ele ri do meu gesto — Mas, vocês não quiseram ter filhos? Bom, eu acho que vocês não têm, pois nunca chegaram a comentar.

— Eu tenho um filho, ele mora com a mãe em outro estado, fez vinte e um anos esses dias atrás.

— Sério? Que legal. Já quero ver foto dele, fiquei curiosa.

— Tudo bem. — Me olha sorrindo — Já ela e eu, não decidimos ter. Na verdade nunca chegamos a tocar no assunto. Não foi algo que priorizávamos, sabe? E um tempo depois depois que ficamos juntos, ela começou a trabalhar de babá do Andrew, ele tinha poucos dias de vida. Desde então ela trata eles como os filhos que não teve — Diz e volto a olhar para frente. — A mãe deles não estava muito apta para cuidar dele.

Tem casos e acasos, muitas mulheres almejam ser mãe, outras já acham que isso não é para elas e muitas querem adotar. Isso é normal, cada uma decide a forma que quer levar a vida. Se Silvia não quis, pode ter tido os motivos dela, já eu sempre tive o sonho de ser mãe e também adotar. Acho a adoção uma das formas mais lindas de demonstrar o amor.

— Mas e você, conte-me sua história. — Pede.

— É, acho que já está bem tarde agora. — Coloco meu pulso em minha visão para fingir estar vendo a hora e achando tarde, mas o fato de não estar usando meu relógio faz a cena parecer bem patética. — Deveríamos entrar.

— Você não gosta de falar sobre isso?

— Não muito, é algo que ainda me machuca. — Dou de ombros.

— Tudo bem, estarei aqui para ouvir quando você precisar. — Coloca a mão em meu ombro, abrindo um sorriso confortante.

— Obrigada! É só que, lembrar de tudo me faz sentir um sentimento de rejeição. É complicado. Isso atrapalha bastante em minha vida e decisões.

— Entendo. Espero que consiga superar. — Assinto soltando o ar e encarando minhas mãos.

Ficamos em silêncio, encarando a água da piscina agora com as nuances do céu refletidas em tons laranjas. É tão estranho o fato de que nunca comento com ninguém sobre meu passado, mas agora, nesse exato momento, sinto uma vontade absurda de contar tudo a ele. Sinto um sentimento quase paterno e isso me deixa meio emotiva, pois nunca tive um pai.

— Eu fui adotada sabe. — Solto baixo e sinto que ele me olha — Elizabeth me adotou quando eu tinha dez anos de idade, desde então ela se tornou tudo que eu tinha. — Encaro seus olhos, que não sabem ao certo como se portar no momento — Segundo as mulheres que trabalhavam lá, eu parecia ter acabado de nascer quando fui deixada na porta do casarão.

— Sinto muito. — Ele se senta ao meu lado e coloca a mão em minhas costas.

— Tudo bem, não era para ser, sabe? Afinal, se isso não tivesse acontecido, como eu teria conhecido a mulher maravilhosa que me adotou? — Solto um sorriso lembrando dela — Ela era um anjo. Levou cores ao meu mundo antes cinzento e sou grata a tudo que fez por mim. Eu só não honrei muito bem a memória dela, parando para pensar agora, o que me tornei depois que ela se foi, não condiz nada com quem eu era antes. — Sinto um aperto no peito e percebo que Grandão está me dando espaço, para absorver meus sentimentos que querem fugir pelos olhos. Ele fica quieto e alisando minhas costas.

Claro que eu tive minha fase rebelde durante a adolescência, desacato a autoridade, pichar muros alheios e outras coisas banais. Isso me acarretou algumas advertências da polícia, porém após a maioridade e também ao fato dela estar doente. Eu deixei isso de lado e foquei em ser a melhor filha do mundo, queria que ela tivesse orgulho de mim, mas infelizmente ela se foi e eu não aceitando, larguei tudo que ela deixou para mim e me juntei aos rebeldes da comunidade.

— Eu sou uma péssima filha. — Digo ao constatar um fato que estava escancarado a tempos — Grandão, ela iria me odiar se soubesse o que eu estava fazendo, se soubesse o que fiz para estar trancada nessa casa nesse exato momento. Eu sou uma decepção. Consigo ver o olhar decepcionado dela pra mim, nesse exato momento. — Meus olhos se manifestam.

— Ei, calma. — Pede e olho para ele, já estou soluçando de tanto chorar e ele parece nervoso por não saber o que fazer — Às vezes acontecem coisas que são necessárias para nos mostrar o erro que estávamos cometendo. Por exemplo, você percebeu agora, tarde demais só para deixar claro. Mas percebeu que o que estava fazendo era errado e creio que de agora em diante, nunca mais vai voltar a fazer coisas assim.

— Sim, tem razão. — Digo resmungando — E se o que planejei der certo, nem meus amigos vão continuar nessa vida. — Fungo tentando ser otimista.

— Viu, outra coisa boa que você vai fazer. — Me encoraja a sorrir e assim faço — Talvez não seja tão ruim essa temporada aqui na casa. Algumas vezes o destino parece nos pregar uma peça, mas na verdade, é o melhor para nós.

— Sim, acredito em você. — murmuro — Aturar o ex projeto de lobisomem vai ser ruim, mas tirando isso, acho que dou conta do trabalho. Pietro e Andrew são crianças incríveis. — Digo um pouco mais confiante e ele ri, pela minha alfinetada ao patrão.

— Viu, já está melhor agora, até piadas está fazendo.

— Não é piada, é apenas um fato. — Comento e penso em continuar falando, mas sou interrompida por uma voz bem animada e estridente.

— Tiaaaa, tiaaaa!! — Pietro grita por mim e logo aparece.

Observo seus pai e irmão vindo atrás, o que me faz ficar de pé rápido. Passando a mão no rosto e fazendo qualquer indício de choro desaparecer. Os olhos de Isaac param em mim e ele franze a testa. Eu devo estar vermelha por chorar, extremamente derrotada, mas tento disfarçar.

— Oi, meu amor. — Abro um sorriso e agacho frente a ele — O que é isso na sua mão? — Pergunto encarando ele divertidamente, após ver que escondeu a sacola atrás das costas.

— Tia? — Ele fica sério — Estava chorando? — Ai que droga, está tão na cara assim? Seus olhinhos me analisam.

— Não. — Passo a mão nos olhos — Caiu um cisco no meu olho, nos dois na verdade.

— Ah sim. — Inocente como é, ele acredita e volta a sorrir aberto — É para a senhora.

— Oh! — Pego surpresa a sacola e olho para Grandão, sem entender bem — Que linda! — Falo assim que abro e vejo que é uma gatinha de pelúcia. Toda branquinha e com um lacinho amarelo na cabeça — Obrigada. — Abraço o pequeno com força. Segundo presente que ganho em menos de uma semana, vou acabar me acostumando.

— De nada. Ela está com lacinho amarelo igual a senhora está sempre de tênis amarelo. — Seu comentário me faz dar risada.

——Que garotinho mais espertinho. — Toco a ponta de seu nariz e ele fica envergonhado.

Minha cor favorita é amarelo, é diferente, mas eu simplesmente amo e isso se reflete bastante em meus tênis. Minha mãe sabia disso e mesmo eu já tendo um ou dois, ela me dava sempre mais. Ou seja, todo aniversário eu ganhava um tênis. Tenho três amarelos, que são meus favoritos e uso mais, além de um branco, vermelho e preto. Esse era o presente certo para ela me dar, pois sabia que eu iria sempre amar. Quem não ama colecionar tênis?

— Na verdade foi o papai que disse para trazer o amarelo. — Andrew chama nossa atenção e fico de pé, percebendo o homem ao lado dele ficar em pânico — Não foi o Pietro que quis trazer essa cor.

— Foi eu sim. — Pietro cruza os braços e encara o irmão.

— Não foi não, você queria trazer com laço rosa.

Pronto, agora teremos as pequenas discussões deles por motivos banais, que começam do nada e somem da mesma forma.

—Eu amei o presente. — Me intrometo e olho para Pietro — Obrigada por lembrar de mim, pequeno. — Afago seu cabelo, ele adora quando faço isso — Agora vamos entrar pois tem duas crianças que precisam de um banho urgente.

Já até consigo imaginar a cena de Isaac dizendo não ter necessidade de dar um presente para mim e Pietro batendo o pé dizendo que queria. Esse pequeno consegue ser mandão quando quer. Talvez seja algo que preciso trabalhar, afinal, nem sempre podemos ter tudo o que queremos.

— Tia, é... eu também trouxe um presente. — Andrew chama minha atenção e me derreto, vendo suas bochechas bem vermelhas. Outro presente? Certeza que Isaac surtou com esses dois hoje — São meus doces preferidos. — Ele estende uma caixa para mim e pego, abrindo e olhando o conteúdo. São seis donuts com coberturas bem coloridas.

— Eu nunca...— Me Interrompo pois ninguém precisa saber se já comi antes ou não — Eu amei, meu amor. Obrigada! — Abraço o pequeno, que não é tão pequeno assim e ele retribui. — Tenho certeza que vou amar. Se são seus doces preferidos, com certeza são maravilhosos.

— Tia. — Pietro puxa minha blusa — Vai dividir com a gente? — Pergunta com os olhinhos brilhando e engulo seco, olhando pro homem de braços cruzados mais a frente. Ele percebe meu estado e assente, me fazendo respirar aliviada.

— Com certeza. Poderemos comer um pouquinho mais tarde, mas só se vocês jantarem tudinho.

— Isso. — Andrew faz uma dança da vitória e Pietro pula animado. Esses dois me divertem bastante.

Equilibro meus dois presentes na mão pois Pietro quer segurar em uma delas, e logo entramos na casa, com ele tagarelando sobre seu dia incrível no parque com o pai e irmão.

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