— Ah… Então você pode me acusar injustamente? — A voz baixa de Roberto carregava um tom quase magoado.
Ele estava atuando?
Porque, sinceramente, parecia um ator nato.
Carolina ficou sem palavras, perdida no meio do jogo dele.
Roberto bateu de leve no prato à sua frente, o mesmo onde repousava a única porção de camarões que havia descascado para si mesmo, entre tantos outros que preparara.
— Já descasquei muitos camarões na vida, mas… Fora eu, você é a primeira que tem o privilégio de comê-los.
Aquilo era uma explicação?
E por que ele precisava explicar?
Carolina não conseguia decifrar exatamente o sentido daquilo, mas respondeu, num tom quase irônico:
— Então devo me considerar com muita sorte.
— Casar comigo, Carolina… Foi você quem ganhou na loteria. — Falou com uma autoconfiança tão natural que não provocou nem rubor, nem batida acelerada no coração.
Ela ainda não sabia qual era a real intenção por trás daquelas palavras, mas a conversa anterior já deixava claro o motivo do casament