Roberto estava parado junto à janela, a postura ereta recortada pela luz que entrava, projetando sua sombra longa no chão. Parecia uma linha afiada dividindo o mundo em duas metades: de um lado, a alegria barulhenta, do outro, a paz silenciosa.
Atrás dele, passos ecoaram até pararem ao seu lado.
— Beto, o Matheus ainda não foi embora. Está lá fora, na frente da casa. Quer que eu o tire daqui? — Perguntou uma voz masculina.
Roberto fixou o olhar no homem a dezenas de metros dali, o rosto ainda sujo de sangue e a expressão humilhada.
— Não. Quero que ele veja tudo com os próprios olhos… Só assim o coração dele morre de vez.
Wellington Martins assentiu levemente.
— Golpear a alma… Nisso você sempre foi mestre.
No rosto austero de Roberto, não restava o menor traço da ternura que mostrava diante de Carolina. Seus olhos, estreitos e gelados, transmitiam uma pressão silenciosa que fazia qualquer um recuar.
— Os convidados comentaram alguma coisa? — Perguntou ele.
— Depois do que você disse m