Tudo começa com o som. Um apito constante e ritmado. Depois vem o cheiro. Um misto de antisséptico, lençóis limpos de algodão e algo almiscarado e sal. Perfume e suor. Então sinto a garganta seca, como se tivesse bebido areia ao invés de água. E por último vem a dor, tomando meu corpo como uma onda sutil, costelas, ombro, cabeça…
Tento abrir os olhos, mas as pálpebras pesam, feitas de chumbo, é preciso esforço e a luz branca no teto me atinge, deixando tudo turvo. Piscar dói. Pensar dói. Respirar… cada inspiração parece que vai me rasgar.
Não consigo lembrar onde estou, mas sei que não estou sozinha. Sinto os dois braços imobilizados, mas só um deles está quente, preso por algo firme.