O dia amanheceu com um céu encoberto, como se até o tempo estivesse em sintonia com a tempestade silenciosa que se instalava na mansão dos Vasconcellos. Isabela desceu as escadas mais cedo do que o habitual, os passos ecoando no mármore frio, e se deparou com Helena já à mesa do café, elegantemente vestida, como se estivesse prestes a presidir uma reunião.
— Bom dia, querida — disse a mulher, sem tirar os olhos da xícara. — Dormiu bem?
Isabela respondeu com um aceno contido e uma expressão neutra. Já aprendera que, com Helena, qualquer palavra era analisada, cada gesto interpretado.
Ao longo do dia, pequenas mudanças começaram a surgir. A nova arrumadeira, contratada sem aviso prévio, parecia curiosa demais sobre o quarto do casal. A governanta, sempre leal à família, agora hesitava em comentar sobre a rotina. Isabela percebia olhares, silêncios prolongados e até portas entreabertas no corredor quando passava.
No escritório, Leonardo folheava documentos com o semblante carregado. Ele