Christian Müller –
O carro deslizou pela rua deserta até que cheguei ao endereço. Assim que estacionei, ergui os olhos para o prédio sombrio à minha frente. Era um dos apartamentos que os pais de Andressa haviam comprado quando tentavam forçar um noivado entre nós. Mas a obra nunca havia sido finalizada.
Saí do carro sem hesitar, subindo os degraus de dois em dois. A porta principal estava aberta, o que só piorava o aperto no meu peito.
O cheiro de mofo e poeira me atingiu assim que entrei. As paredes tinham marcas de infiltração, o chão estava tomado por vidros quebrados e sujeira.
Meus olhos varreram o ambiente.
No sofá, algumas revistas de gravidez estavam empilhadas, desgastadas pelo tempo. Ao lado, brinquedos espalhados pelo chão — carrinhos, bonecos, um chocalho.
Minha atenção parou em um quadro.
Andei até ele, pegando-o com as mãos.
Era uma foto de um casal segurando um bebê. Mas algo estava errado.
Havia recortes de revistas colados sobre os rostos. No lugar do homem, estava m