Christian Müller –
Eu ainda não conseguia acreditar no que estava vendo. E nem ouvindo.
Naquele momento, meu peito se apertou. Como tudo pode ter chegado aquela situação? Por que ele estava com marcas no rosto e o que verdadeiramente aconteceu para que ele tenha mudado de ideia? – Aquelas perguntas estavam rodeando a minha mente.
Eu fiquei parado ao lado da maca, com os braços cruzados, sentindo a raiva ferver sob a superfície da pele.
Raiva dele, da situação e de mim. Principalmente de mim.
Arthur não dizia nada. Fitava o teto com uma expressão vazia, a mandíbula tensa, como se estivesse pronto para aguentar qualquer golpe que viesse.
Um velho reflexo de defesa.
Suspirei pesado me virando para o olhar.
— Você é mais teimoso do que eu lembrava — falei com a voz baixa, controlada.
Ele virou o rosto devagar, me lançando um olhar cansado. Mas não respondeu.
Me aproximei um passo, sem pressa. Não estava ali para forçá-lo a nada. Não adiantava.
— Não vim para fazer discurso, Arthur. Não so