Por mais que eu tentasse dormir ou fingir calma, a verdade é que o sono me rejeitava. Nenhum cobertor era capaz de aquecer o frio que corria pela minha espinha, o tipo de frio que nasce dentro da alma e se espalha até gelar o coração. Eu tremia não de temperatura, mas de medo. Um medo sufocante do que estava por vir.

O silêncio do quarto era profundo, cortado apenas pelo tic-tac irritante do relógio na parede. Cada segundo soava como uma contagem regressiva para o meu destino. Fecho os olhos e a primeira imagem que surge é a do meu pai — o único homem que um dia foi capaz de me proteger, mesmo dentro de um mundo onde mulheres não passam de moeda de troca.

Papai e eu sempre fomos próximos. Talvez não melhores amigos, mas havia algo nele que me fazia acreditar que nem todo homem era feito de ferro e crueldade. Ele tinha um coração — mesmo que aprisionado pelas regras da máfia e pelos olhos vigilantes das Cinco Famílias.

Minha mãe, ao contrário, sempre foi uma mulher amarga, moldada pela