Início / Romance / Casamento Forçado: O Cowboy com quem me casei era Bilionário / Capítulo 2 - O fazendeiro, o contrato… e o bilhão no meio.
Capítulo 2 - O fazendeiro, o contrato… e o bilhão no meio.

O cheiro de terra molhada, o som do vento passando entre as árvores, o relincho dos cavalos, o mugido das vacas e o som ritmado dos cascos batendo contra o chão de terra batida eram a trilha sonora preferida de Taylor Miller. E, para ele, não existia nada melhor no mundo.

A fazenda Sun Valley, com seus hectares infinitos, cercas brancas, pastos tão verdes quanto esmeraldas e montanhas ao fundo, era mais do que um pedaço de terra. Era seu lar. Seu pedaço de mundo. Seu pedaço de paz.

Ele caminhava com as mãos nos bolsos da calça jeans, o chapéu de aba larga protegendo o rosto do sol. Observava as plantações, conferia o rebanho, dava ordens aos funcionários, que o admiravam profundamente e, ao mesmo tempo, sorria satisfeito. Ali, ele era dono de si. Ali, ele era livre.

Livre da pressão.

Livre dos negócios da cidade.

Livre do mundo corporativo que um dia tentaram empurrar goela abaixo.

Porque, sim, Taylor Remington Miller, não era apenas um homem do campo.

Ele era também o herdeiro de um dos maiores impérios bilionários dos Estados Unidos, a Remington Miller Global Holdings, uma multinacional que dominava mercados em mais de cinquenta países, atuando nos setores de tecnologia, agroindústria, energia sustentável, logística internacional e investimentos de alto impacto.

Seus pais, James e Sophia Miller, eram lendas vivas no mundo dos negócios. Revistas como Forbes, Time e Business Weekly estamparam seus rostos inúmeras vezes com manchetes do tipo:

“Os visionários por trás da Remington Miller Global: como transformar bilhões em trilhões.”

“A família que redefiniu o conceito de poder no século XXI.”

“Eles têm tudo… menos um herdeiro disposto a assumir.”

Porque esse era o problema.

Taylor.

O filho prodígio, formado em Agronomia e Economia, fluente em cinco idiomas, gênio em matemática, diplomado com louvor nas melhores universidades dos EUA e da Europa… e, para total desespero dos pais, um homem que preferiu trocar os prédios espelhados, as reuniões de negócios e os jatinhos particulares… por botas sujas de lama, chapéu de cowboy e vida simples no campo.

Simples, claro… se desconsiderarmos o fato de que ele era dono de uma fazenda do tamanho de uma cidade pequena. E ele não trocaria aquela vida por nada. Ou, pelo menos, era o que achava até aquele dia.

Seu celular vibrou no bolso. Ele olhou o visor.

“Mãe.”

— Lá vem bomba. — murmurou, apertando os olhos.

Atendeu.

— Fala, mãe. Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, sim, Taylor. — A voz dela soou ríspida, impaciente. — E é muito sério. Seu pai e eu estamos a caminho da fazenda. Chegamos em… trinta minutos.

Ele quase caiu sentado.

— A caminho?! Pra cá? Pra fazenda? Que inferno aconteceu?! É com a vovó?

— Ela está bem… por enquanto. Mas isso é sobre você, Taylor. Sobre você… e sobre o futuro da nossa família. — E desligou. Na cara dele.

Ele ficou encarando o celular como se ele tivesse explodido.

— Que merda foi essa…? — apertou os olhos, esfregou a nuca. — Quando ela fala desse jeito… nunca é coisa boa.

Suspirou, ajeitou o chapéu, pegou sua caneca de ferro, que dizia “Melhor fazendeiro do mundo” , sentou-se na cadeira de balanço da varanda da casa principal, e esperou.

O som dos pneus esmagando a brita foi ouvido de longe.

O carro preto, blindado, digno de CEOs, parou na entrada da fazenda. As portas se abriram e, como sempre, sua mãe desceu primeiro: Salto fino afundando na terra, blazer de grife, óculos escuros da Chanel, cabelo impecável e bolsa tão cara que daria pra comprar metade do rebanho.

Logo atrás, veio o pai, terno sob medida, cara de quem preferia estar enfrentando uma rebelião na bolsa de valores do que pisando em terra batida.

— A tempestade chegou. — comentou consigo mesmo, levando a caneca aos lábios.

A mãe, como sempre, nem respirou antes de atacar:

— Taylor Remington Miller! — Ela marchou até ele, com as mãos na cintura. — Nós precisamos conversar. Agora.

Ele ergueu uma sobrancelha, ajeitou o chapéu e respondeu, arrastando a voz:

— Boa tarde pra vocês também. Viajaram bem? Esse salto novo combina bastante com… lama.

Ela olhou pros próprios pés, afundando na terra, e fez uma careta.

— Ah, Taylor, pelo amor de Deus… até quando você vai insistir em viver no meio desse nada? Isso não é vida!

Ele sorriu, cruzando as pernas.

— Pra mim, é a única que vale a pena.

O pai pigarreou.

— Corta. Vamos direto ao ponto.

— Opa… lá vem bomba. — respondeu, largando a caneca na mesa.

A mãe ajeitou os óculos, ergueu o queixo e soltou:

— Você vai se casar!

A reação foi instantânea.

Taylor engasgou no café, bateu a mão na mesa, levantou tão rápido que quase derrubou a cadeira.

— Vocês ficaram malucos?! EU?! Casar?!

Ela cruzou os braços.

— Sim. Vai. E não adianta essa cena, Taylor. Esta decidido.

O pai ajeitou a gravata, seríssimo.

— É uma decisão de família. Um acordo estratégico entre Remington Miller e as Montgomery.

Ele apertou os olhos.

— Lila… Montgomery?! — disse, muito lentamente, como se cada sílaba fosse uma facada.

— Ela mesma. — confirmou a mãe, sorrindo de canto.

Taylor deu dois passos para trás, segurou o chapéu, passou as mãos pelos cabelos, respirou fundo.

— Vocês querem me ver morto, é isso?! A garota que tem pavor de lama? Que acha que vaca é animal de zoológico? Que acha que milho… nasce em supermercado?!

O pai respirou fundo.

— Ela mudou.

— Mudou?! — gargalhou. — A única coisa que aquela mulher muda… é o modelo da bolsa. Vinte vezes por mês.

A mãe ergueu o queixo.

— Você vai se casar, Taylor. Pelo bem da família. Pela Remington Miller Global Holdings. E pelo desejo da sua avó.

— Remington Miller Global Holdings?! — gesticulou, indignado. — Vocês são donos da maior multinacional dos Estados Unidos! Têm bilhões, empresas em cinquenta países, dominam tudo que existe de tecnologia, energia, agroindústria… E, ainda assim… querem brincar de casamenteiros do século XV?!

O pai cruzou os braços.

— Exato. Porque dinheiro compra tudo. Menos tradição. Menos legado. E o legado Miller… não pode morrer com você solteiro, vivendo no meio do mato, cercado de vacas e cavalos.

Ele fechou os olhos, respirou fundo, apertou os olhos.

— Porque não casam a Catarina?

— Catarina não é a herdeira, Taylor.

— Porque não? O empoderamento feminino está na moda, isso seria maravilhoso para os negócios.

— Sua irmã não nasceu para isso?

— Porque não?

— Não discuta Taylor, você vai casar e pronto!

— Se eu não aceitar?

O pai sorriu. Aquele sorriso perigoso de CEO bilionário que estava acostumado a ganhar tudo.

— Então pode esquecer qualquer direito à Remington Miller Global Holdings. Adeus, participação. Adeus, ações. Adeus, herança. E, talvez… adeus à fazenda também.

Taylor cerrou os dentes e passou a mão pela barba malfeita, o olhar perdido no horizonte verde à sua frente. A brisa trazia o cheiro de terra molhada, o som suave do vento passando pelas árvores, o relincho distante dos cavalos, o mugido preguiçoso das vacas e o som ritmado dos cascos, tudo aquilo era o que ele conhecia, o que o ancorava. Mas naquele momento, nem o campo parecia capaz de acalmá-lo.

Foi então que um segundo som de motor rasgou a calmaria.

Grave. Discreto. Importado.

Taylor virou a cabeça lentamente em direção à estrada de terra que levava até a entrada da casa principal, com os olhos estreitados sob a aba do chapéu, percebeu a chegada de um carro preto e lustroso, levantando poeira seca ao redor. Suas mãos apertaram as laterais da calça jeans.

— O que…? — murmurou, sem disfarçar o incômodo. Virou-se para os pais, franzindo o cenho. — O que é isso?

Sophia Miller se manteve ereta, imperturbável. Apenas respondeu, com um tom baixo e firme:

— Não seja grosseiro. É melhor se comportar. Pense em tudo o que conversamos. E na sua avó.

A tensão que já era palpável ficou quase sólida no ar. Taylor engoliu em seco, sentindo o maxilar contrair.

O carro parou diante da casa e a porta logo se abriu e Lila Montgomery foi a primeira a descer.

E por um segundo, Taylor perdeu o controle da respiração.

O salto fino cravou na terra batida com um som quase cômico, e ela imediatamente segurou o braço do pai com delicadeza para não tombar. Mas nada naquela imagem era ridícula, muito pelo contrário era intensa demais.

Seu vestido justo em tom de lavanda abraçava o corpo esbelto com uma elegância sofisticada, o tecido moldava as curvas com suavidade, revelando pernas grossas e a cintura fina. Os cabelos loiros estavam soltos e caiam sobre os ombros como uma cascata dourada, contrastando com a pele clara e os lábios rosados. O rosto estava maquiado com perfeição, mas havia um brilho surpreso nos olhos que traiu o impacto do momento.

Porque Lila também o viu e congelou por um segundo.

Taylor Remington Miller de pé na varanda, como se fosse parte da paisagem.

Calça jeans surrada, justa o bastante para destacar as coxas musculosas. Botas marrons cobertas de poeira. Camisa azul clara com as mangas dobradas até o meio do antebraço, os primeiros botões abertos, revelando parte do peitoral largo e bronzeado. Aquele maldito chapéu de cowboy jogado casualmente sobre a cabeça, sombreando um rosto que era uma mistura de rudeza, sarcasmo e… charme bruto.

Os olhos dele, azuis intensos, cravaram nos dela com uma mistura de desgosto, curiosidade e ironia.

Lila abriu a boca para dizer algo ,talvez um cumprimento, talvez uma ofensa bem-educada, mas nenhum som saiu. O coração acelerou, o rosto corou sem autorização. E, pela primeira vez em muito tempo… ela se sentiu fora do controle.

— Vai cair ou vai conseguir chegar inteira até a varanda? — provocou Taylor, por fim, com um meio sorriso torto.

— Desculpe — respondeu ela, erguendo o queixo. — O solo aqui parece… instável. Ou talvez seja o ambiente. Tem cheiro de… animal.

— Tem mesmo — disse ele, caminhando em direção a ela com passos lentos e braços cruzados. — E veja só… acabou de chegar mais um.

— Taylor! — repreendeu a mãe, em voz baixa, firme.

Lila arqueou uma sobrancelha, mordendo um sorriso de desdém.

— Está me chamando de animal?

— Só estou dizendo que algumas pessoas simplesmente não combinam com o campo. Tipo salto agulha em lama. Ou… você em qualquer lugar fora da Quinta Avenida.

O pai de Lila, Gabriel Montgomery, tossiu de leve, tentando quebrar o gelo, mas já era tarde.

— E você — rebateu Lila, com o tom calmo, mas afiado — claramente passou tempo demais lidando com gado que está começando a se comportar como um.

Taylor deu um passo a mais, parando a poucos metros dela. O clima entre eles era tenso e nenhum dos dois estava disposto a ceder.

— Eu prefiro ser como um gado — retrucou ele, direto. — Porque eles sabem a hora certa de calar a boca.

Sophia bateu palmas uma vez, com força, interrompendo a crescente animosidade.

— Chega! — disse, em tom alto. — Não é assim que dois adultos começam uma convivência. Vocês vão ter tempo suficiente para… se matar com classe. Mas não agora. Estamos todos aqui por um propósito. Um acordo. E todos vocês sabem o que está em jogo.

O pai de Taylor, mais conciliador, tentou sorrir.

— Que tal recomeçarmos? Como pessoas civilizadas. Lila, Taylor… vamos entrar, conversar. Talvez até… quem sabe, sorrir?

— Sorrir? — murmurou Taylor, mais para si. — Me casando com a Barbie em pessoa… sorrir vai ser difícil.

— Pelo menos eu sei usar talheres — rebateu Lila, passando por ele com o nariz empinado.

— E eu sei usar uma corda se for preciso — devolveu ele, girando nos calcanhares e a acompanhando com o olhar.

Sophia se virou para o marido, sussurrando:

— Deus nos ajude…

James apenas suspirou fundo.

E o céu acima da fazenda Sun Valley parecia mais azul do que nunca. Em absoluto contraste com o que estava prestes a acontecer dentro daquela casa.

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