Suiane olhou para Bárbara com uma mistura de admiração e preocupação. -- Você é mais forte do que pensa, Bárbara. Mas não se esqueça de que pode contar comigo para o que precisar. Não enfrente isso sozinha. Eu sempre estarei ao seu lado.
Bárbara sorriu fracamente. -- Obrigada, Suiane. Eu sei que posso contar contigo, agora precisamos voltar para a sala de aula.. Tem muitos alunos esperando por nós. As duas professoras saíram do banheiro e retornaram às suas atividades. Bárbara tentou se concentrar em seus alunos, mas a conversa com Henrique e o peso do segredo que carregava a distraíam. A imagem do dinheiro na bolsa e a arrogância do homem a perturbava profundamente. Como ele podia ser tão materialista? Ao final do expediente, Bárbara se dirigiu a frente da escola para pegar o ônibus, perdida em pensamentos. O que a esperava ao se casar com Henrique Mancini? Ela sabia que a vida ao lado dele seria um desafio constante, mas estava determinada a cumprir sua promessa ao pai do seu noivo. Enquanto esperava o ônibus, Bárbara sentiu uma mão em seu ombro. Ela virou-se e deparou-se com Bruno, seu irmão mais velho. -- Bruno? -- Ela o abraçou fortemente. -- Mana, como está? Cada dia está mais linda,-- exclamou Bruno beijando o rosto da irmã com carinho. -- Estou bem e você? Pai e mãe estão com saudades. Faz mais de três meses que não vem nos visitar. -- o meu tempo é muito curto, Barbara. Eu trabalho muito e mau consigo ter tempo para outras coisas. Mas hoje conseguir um tempinho para visitar a minha família. Entre no meu carro, vou levar você para casa. Barbara entrou no carro do irmão. A alegria estava estampada nos lábios dela depois de dias turbulentos. Marta e Antônio receberam o filho com emoção. Havia alguns anos que ele havia deixado o interior para viver na cidade. -- Como está, meu filho? -- pergunta emocionada Marta. -- Estou bem, mãe. As coisas estão dando certo para mim e hoje tenho um trabalho bom e eu trouxe uma ajuda em dinheiro para vocês. -- Não precisamos do seu dinheiro, Bruno. Guarde, pode precisar lá na frente. -- Não se preocupa pai, eu ganho bem e não vai fazer falta não. Bruno entrega ao pai um envelope contendo mais de três mil reais em espécie. -- Pai, não é muito, mas é de coração. Espero que possa ajudar em alguma coisa. Antônio abraça o filho com gratidão. -- Eu sou muito abençoado, -- argumentou sorridente o pai. -- os meus filhos são ótimos para nós. Nesse momento, Barbara e Marta se ajunta a eles no abraço coletivo. Depois do almoço em família, Bruno conversou um pouco mais com Barbara. Ela contou sobre o seu casamento arranjado com o Henrique Mancini. -- O quê? Como assim vai casar com um homem desconhecido? Isso é um absurdo. Bruno ficou indignado com a pressão dos pais para Barbara casar. Seu Antônio, com um semblante sério, respondeu a Bruno sem hesitação. -- Esse assunto não lhes diz respeito, então não se meta. Filho, você não pode se meter nesse assunto. Barbara já concordou com o casamento. Antônio estava totalmente alterado. -- Calma, Antônio, -- disse Marta observando a discussão entre os dois, -- Bruno só está preocupado com a irmã. Não seja duro com o nosso menino. Marta alisava as costas do marido. -- Está tudo bem, Bruno. Eu já aceitei.. Não precisa se preocupar comigo. Não fique chateado, eu decidi isso. Não culpe pai ou mãe. -- Como não irei me preocupar, Barbara? Se casar assim de uma hora para outra com alguém que não conhece.. Isso é absurdo. Eu não concordo com isso. O clima de carinho entre eles foi dissipado rapidamente. Agora existia uma sombra negra de ...desentendimento entre eles. Bruno estava visivelmente aborrecido com a decisão da irmã e dos pais. -- Eu não entendo por que vocês estão fazendo isso, disse Bruno, sua voz cheia de frustração. -- Barbara, você merece melhor do que um casamento arranjado com um homem que você não conhece. Minha irmã, eu não quero que ninguém que te magoe. Barbara suspirou e olhou para o irmão, tentando explicar. -- Eu sei que isso não é ideal, Bruno, disse ela. -- Mas eu prometi ao pai de Henrique que eu iria me casar com ele. E além disso, eu preciso pensar no futuro da nossa família. Bruno balançou a cabeça, desapontado. -- Eu não estou te reconhecendo, irmã. Eu não quero que você se case por obrigação, Barbara, disse ele. -- Eu quero que você seja feliz. Que encontre um homem bom . A discussão continuou, com os dois lados apresentando os seus argumentos.. -- Eu pensei que ainda fosse apaixonado pelo André, -- Bruno dialogou com a irmã fazendo Antônio ficar ainda mais alterado. -- Aquele miserável não presta para minha filha. Eu nunca permiti e nunca vou permitir que Barbara se envolva com aquele médico. -- André é um homem muito trabalhador, pai. Nunca vou entender a sua implicância com ele. Bruno não queria aceitar que a sua irmã se casasse sem amor. A discussão estava ficando cada vez mais acalorada. Antônio estava determinado a não permitir que Barbara se envolvesse com André, enquanto Bruno defendia o direito da irmã de escolher seu próprio caminho. -- Eu não entendo por que é tão contra André, pai, disse Bruno, frustrado. -- Ele é um homem bom e trabalhador. Ele ama Barbara de verdade.. -- Eu não quero que minha filha se case com um homem que não tem futuro, respondeu Antônio, seu rosto vermelho de raiva. -- Henrique Mancini é um homem rico e poderoso. Ele pode oferecer a Barbara uma vida melhor do que André jamais poderia. -- Mas isso não é o que importa, pai, disse Bruno. -- O que importa é a felicidade de Barbara. E eu não acho que ela seja feliz com esse homem chamado Henrique. A discussão continuou, mas no final, Antônio recusou-se a mudar de ideia, e Bruno foi forçado a aceitar a decisão do pai. Mas ele não desistiria de tentar convencer Barbara a mudar de ideia.. Bruno sabia que Barbara e André se amavam, mas nunca ficaram juntos por causa de Antônio que se negava a aceitar o relacionamento dos dois.