Bruno decidiu passar o resto do dia com a família, estava decidido a mudar a resposta de Barbara em relação ao casamento arranjado. Ele não queria que a irmã ficasse presa a um casamento sem amor.
Depois do jantar em silêncio, Marta ajuntou os pratos em cima da mesa e levou até a cozinha. Bruno prontamente pediu a mãe que fosse se deitar que ele lavaria as louças. Marta deu um abraço apertado no filho e saiu da cozinha. -- Está pronto para casar, -- disse Barbara parada na porta que acesso à cozinha. Bruno soltou uma gargalhada achando engraçado o argumento da irmã. -- É bem difícil, maninha. Eu sou um tipo de homem que não se prende a mulheres. Barbara se aproximou pegando um pano de prato e enxugando as louças já lavadas. -- Diz isso porque ainda não se apaixonou. Quando se apaixonar, vai querer casar e passar o resto da vida ao lado dela. Bruno encarou Barbara seriamente. -- Talvez aconteça de um dia eu me apaixonar. Mas confesso que não está nos meus planos. E mudando de assunto, Barbara, o que está acontecendo para você aceitar esse casamento? Eu estou muito surpreso da sua aceitação. Até porque eu sei que você ama o André e só não estão juntos por causa do nosso pai. Antes que Barbara pudesse responder, Antônio entrou na cozinha e ficou conversando com os filhos sobre a infância deles. Depois da conversa longa, Barbara retirou-se para seu quarto. -- Bruno, não tente persuadir a sua irmã contra o casamento. Antônio ficou conversando com Bruno um pouco mais até cada um seguir para seus quartos. Bruno passou a noite em claro, remoendo a conversa com a família. A ideia de Bárbara presa a um casamento sem amor o corroía. Ele se lembrava de Bárbara e André juntos, a felicidade estampada em seus rostos. A implicância do pai com André sempre fora um mistério, afinal, o rapaz era um médico respeitado na cidade vizinha. Decidido, Bruno levantou-se ao amanhecer. Despediu-se da familia com pressa alegando que precisava chegar cedo no trabalho. Mas o que ele realmente queria era falar com André. Encontrou o hospital que André trabalhava com facilidade. O médico, apesar da surpresa, recebeu Bruno com um sorriso contido. Havia uma sombra de tristeza em seus olhos. — Bruno? O que faz aqui? Aconteceu alguma coisa com Bárbara? Bruno respirou fundo antes de responder. — Ela vai se casar, André . - A expressão de André se fechou. A cor sumiu de seu rosto. — Casar? Com quem? Que história é essa, Bruno? André ficou frustrado e triste. — Com Henrique Mancini. Um casamento arranjado. Nosso pai… Bruno contou toda a história, a promessa feita ao pai de Henrique, a relutância de Bárbara, a pressão da família. André ouvia em silêncio, a cada palavra a dor em seus olhos se intensificava. — Ela não o ama, Bruno. Eu sei disso. Bárbara e eu nos amamos, não consigo acreditar que isso seja verdade. — Eu também sei que minha irmã ama você. É por isso que estou aqui. Precisamos fazer alguma coisa. Ou deixou de amar a minha irmã? -- Eu amo muito a Barbara, mas seu Antônio não quis aceitar nosso relacionamento. E agora vem esse homem querendo casar com ela. Os dois passaram horas conversando fazendo André cancelar as consultas daquele dia. Bruno, com a impulsividade, sugeria ideias mirabolantes, enquanto André, com a serenidade de quem já sofrera perdas, ponderava as consequências. Finalmente, chegaram a um plano. Precisavam conversar com Bárbara, mostrar a ela que existiam outras opções, que a felicidade era um direito, não uma concessão. E precisavam entender a verdadeira razão da aversão de Antônio a André. Naquela tarde, Bruno voltou à casa dos pais. Bárbara estava no jardim, perdida em pensamentos. Ele se sentou ao seu lado, em silêncio por um momento. — Bárbara, você precisa ser honesta consigo mesma. Você ama o Henrique Mancini? Bárbara desviou o olhar, as lágrimas ameaçando transbordar. — Não, Bruno. Mas eu prometi… — Promessas feitas sob pressão não têm valor, Bárbara. Você está abrindo mão da sua felicidade por uma obrigação que não é sua. Nesse momento, André apareceu no portão. Bárbara se levantou, surpresa. Antônio, que estava na varanda, arregalou os olhos, a fúria estampada em seu rosto. — O que esse homem está fazendo aqui? — gritou, caminhando em direção ao portão. — Vim conversar, Seu Antônio — respondeu André, com firmeza. — Preciso entender por que o senhor é tão contra o meu relacionamento com Bárbara. — Você não tem o direito… — Pai, por favor — interrompeu Bárbara. — Deixe-o falar. Antônio hesitou, mas o olhar suplicante da filha o fez recuar. André, então, parado ainda no portão disse. -- Seu Antônio, eu amo a sua filha, por favor, me deixa namorar com ela. -- Seu médico atrevido, como ousa vim até a minha casa? A minha filha já está comprometida e na próxima semana será uma mulher casada. Agora saia da minha casa. Barbara e Marta conseguiram levar Antônio até a sala enquanto Bruno ficou conversando com André no portão. -- Eu sabia que não ia adiantar, Bruno. Seu pai me odeia e eu não sei o motivo. Nunca fiz nenhum mal a ele. -- Eu sei André, desculpa por ter te colocado nessa situação, pensei que papai pudesse estar mais calmo. É melhor voltar para cidade, depois entrarei em contato contigo. André assentiu, a decepção evidente em seu rosto, e se despediu com um olhar triste para Bárbara, que o observava da janela. Bruno se juntou à irmã, sentindo a angústia que emanava dela. A raiva e a frustração fervilhavam dentro dele. A teimosia do pai estava destruindo a felicidade da irmã. — Não vamos desistir, Bárbara — disse ele, com determinação. — Eu vou descobrir o motivo dessa aversão do papai pelo André. Tem alguma coisa aí que a gente não sabe. Determinado, Bruno confrontou o pai depois de uma hora desde o acontecido. — Pai, você precisa me contar a verdade. Por que odeia tanto o André? O que a família dele te fez?