Carolina - Família Marinni - livro 1
Carolina - Família Marinni - livro 1
Por: Deborah Bland
Capítulo Um - 1

Parte 1...

Carolina - 24 anos

Bem que eu gostaria de terminar esse bolo hoje, mas não vai dar. Vou ter que esperar até voltar para casa e aí sim, terminar o mais rápido possível. Ainda bem que eu já tinha acertado com a cliente de só passar aqui em casa depois das dezoito horas.

Pedi a dona Célia que me liberasse hoje mais cedo e ela foi uma pessoa muito boa. Como sempre, aliás.

Eu já trabalho na casa dela há dois anos como babá da sua primeira filha, Júlia. Uma criança muito fofa e que eu gosto muito de cuidar. Júlia é fofinha, gorduchinha e com um sorriso lindo. Adoro a risada dela.

Quando consegui escapar da casa m*****a, ainda fiquei um tempo pelas ruas, até que encontrei Nilce, que é a pessoa que eu considero minha mãe. Eu não a chamo assim, mas tenho um grande carinho e gratidão por ela.

Se não fosse por Nilce, eu nem sei se estaria aqui hoje. É muito difícil a vida sozinha e nas ruas é mais ainda. É um jogo de sobrevivência que nunca sabemos como vai terminar. Eu pelo menos acho que consegui vencer.

Hoje eu tenho onde morar, tenho um emprego que gosto, estudo e ainda estou aos poucos evoluindo no que eu gosto de fazer e que pretendo que seja minha segurança para o futuro.

Olho o relógio na parede descascada da pequena cozinha. Quase seis horas da manhã. Eu ainda tenho tempo para pegar o ônibus e chegar no meu horário na casa da Célia.

— A que horas você levantou hoje?

Eu me viro e vejo Célia, em sua camisola creme, parada ao lado da porta, com sua bengala na mão. Ela sempre acorda cedo também e nos últimos dias está dormindo pouco. O remédio dela acabou e precisa de uma receita médica para comprar, só que o médico do posto só vai poder atender na semana que vem.

Às vezes eu a levo em médico particular, mas é muito caro, então só quando dá uma folguinha mesmo. O plano de saúde dela não cobre tudo e nem pode fazer várias visitas ao mesmo médico mais de duas vezes ao mês.

— Pouco depois das quatro - mexi de leve o ombro — Eu queria começar o bolo, mas só vou poder confeitar quando voltar à tarde. Depois do meio- dia.

— E já avisou no trabalho que vai precisar sair para entregar essa encomenda?

— Já sim. A Célia é muito compreensiva com isso.

— É bom que ela seja mesmo - Nilce torceu a boca — Do jeito que você cuida da filha dela.

— Nilce, isso faz parte do meu trabalho - peguei a bandeja redonda para o bolo — Ela sabe que eu estou fazendo meu curso e que minha vontade é um dia ter meu próprio negócio.

Coloquei o bolo com cuidado na bandeja redonda e cobri com a tampa transparente. Quando chegar vou correr para confeitar e entregar no tempo certo que marquei com a cliente.

Minha cozinha aqui é bem pequena, fica tudo muito amontoado, mas aos poucos começo a ter retorno do tempo e dinheiro que estou investindo para criar meus bolos. Não é fácil, tem que ter muita força de vontade e dedicação. Mas eu consigo.

Sei que posso, só é mais complicado e demorado do que para algumas pessoas. Eu já sei que para mim as coisas sempre são um pouco mais complicadas. É a história da minha vida.

— Deixa isso aí que eu vou arrumar para você. Vai trocar de roupa para não chegar atrasada. Sabe que esses ônibus quando chegam lotados, logo saem.

É verdade. Eu tenho que andar duas quadras até o ponto de ônibus mais próximo aqui de casa. Não me incomodo de ir andando até lá, só quando tenho que chegar um pouco mais tarde à noite, porque tenho medo de assaltos.

Na verdade, eu tenho medo pela manhã também, mas pela noite é mais perigoso. E já fui roubada duas vezes, então fico desconfiada, olhando para todos os lados.

Só quem já passou por uma situação dessa, sabe como é ruim a sensação de impotência que a pessoa fica quando é abordada por alguém querendo se aproveitar de você. E hoje em dia, um roubo simples é até algo menos ruim, se é que eu posso falar isso, do que outras coisas que fazem.

Eu agradeço por Nilce ter me tirado das ruas, mas um dos meus sonhos é poder tirá-la daqui também. Apesar da vila onde moramos ser até bonitinha e organizada, com poucas casinhas, o bairro não é nada bom.

Deixei tudo que iria usar na volta, já separado. Depois fui me trocar enquanto a Nilce faz um um café quentinho. Eu gosto do café dela, que é bem forte e me desperta na hora.

Coloquei a roupa de babá dentro da bolsa, deixei separado o ticket para o ônibus e terminei de me arrumar. Fiz uma trança grande e prendi com uma borrachinha. É mais prático trabalhar assim com o cabelo preso.

* O livro é completo. Um romance com drama, carinho e superação.

Acompanhe a história desse casal. Deixe seu like e comentário.

Deborah Bland

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