No dia seguinte, fui sozinha à gincana da escola da minha filha.
Quando percebeu que o pai não viria, ela chorou, magoada.
Desde que nasceu, Nate nunca esteve presente. Nunca participou de nada. Em todas as atividades entre pais e filhos, sempre foi ausência.
Mesmo comigo ao lado, correndo com ela e vencendo a prova, não havia brilho nos olhos dela.
Porque para uma criança, a ausência do pai significa apenas uma coisa: falta de amor.
No caminho de volta, ela não parava de perguntar:
— Mamãe, o papai não gosta mais de mim?
— Mamãe, ele vem hoje à noite pra comemorar comigo?
E eu... não consegui responder nada.
Com o coração apertado, comecei a mandar mensagem atrás de mensagem pra ele, sem parar.
Depois de tantas tentativas, finalmente recebi uma resposta:
[Vou estar no aniversário.]
Ao ver a mensagem, meus olhos se encheram de alegria. Olhei para minha filha, sorrindo.
— Claro, seu pai vem sim.
Ela deu um gritinho animado e pulou de alegria, como se o mundo tivesse voltado a fazer sentido.
Respirei fundo. Desde que nos casamos, seria a primeira vez que Nate assumiria, mesmo que discretamente, o papel de pai, ao menos por uma noite.
À noite, sentamos à mesa esperando por ele. A mesa estava cheia de pratos que ele gostava.
Descobri então que minha filha, mesmo sem poder chamar ele de pai em público, já sabia de cor tudo o que ele gostava. Guardava em silêncio cada pequeno detalhe.
Ela ficou na porta, depois voltou pra mesa, depois sentou no chão. Esperou. E esperou.
E só às 23h50, caminhou até mim com os olhos tristes.
Liguei pra ele, mandei mensagens, tentei tudo. Nenhuma resposta.
No fundo, eu já sabia. Ele tinha faltado de novo.
— Mamãe... o papai tá muito ocupado. Melhor a gente não esperar mais, né?
Ela disse com uma maturidade que partia o coração. Mas os olhos dela diziam outra coisa: dor.
Engoli o nó na garganta e abracei forte minha filha.
— E se a gente esperasse só mais um pouquinho?
Ela balançou a cabeça, baixinha, recusando. Já não queria mais esperar.
Beijei o rosto da minha filha com força, sentindo o coração apertar. Se eu não podia lhe dar o amor de um pai, ao menos ela teria o amor inteiro de uma mãe.
Comemorei o aniversário dela sozinha.
À luz das velas, ela fechou os olhos e fez um pedido em silêncio.
Não perguntei o que era, mas no fundo, eu sabia: tudo o que ela queria era o carinho do pai.
Mas naquela noite, nenhuma de nós mencionou o nome de Nate.
Quando ela adormeceu, peguei o celular. No perfil da Selena, uma publicação chamava atenção:
[Hoje é o meu aniversário. Ganhei o presente mais feliz da vida.]
A foto mostrava um homem ajoelhado, oferecendo flores e um anel. Mesmo com o rosto parcialmente virado, eu reconheci na hora. Era Nate.
O anel era o mesmo que ele mandou fazer sob medida na França.
Na época, eu havia me encantado por ele e, com inocência, pedi esse anel. Ele recusou.
Agora, estava oferecendo o mesmo símbolo de amor à mulher que ele verdadeiramente amava.
Como se dissesse ao mundo que Selena, sim, era sua esposa.
O mesmo dia do aniversário da nossa filha. E ele escolheu passar com a outra mulher, em vez de com a própria filha.
Naquele momento, toda esperança que eu ainda guardava morreu de vez.
A dor vinha em ondas no meu peito.
Agarrei o peito com força, socando o próprio coração como se pudesse arrancar aquele sofrimento de dentro de mim.
Depois de muito tempo, a dor virou silêncio.
Fui até o celular e deletei Selena dos meus contatos.
Na manhã seguinte, fui despertada pelo som da porta.
Desci as escadas com o contrato de divórcio nas mãos, já preparado desde cedo.
Encontrei Nate parado diante da mesa, olhando fixamente para o bolo, como se aquele silêncio disfarçasse alguma culpa. Por dentro, eu estava estranhamente calma.
Ao ouvir meus passos, ele virou o rosto em minha direção.
— Ontem o trabalho foi puxado demais. Esqueci.
Soltei uma risada seca, sem qualquer humor.
Depois de tantas ligações, tantas mensagens... ele não viu? Não ouviu?
Claro que não. Estava ocupado demais com a mulher nos braços. Quando se tem tudo o que se quer, o resto vira ruído.
Abri o contrato na última página, coloquei sobre a mesa e apontei para o espaço em branco.
— Assina.