Quando viu que Henri havia terminado de abrir o coração, Damião respirou fundo e decidiu, enfim, falar.
— Olha, rapaz… — começou, com a voz um pouco rouca. — Você sabe muito bem que, no começo, minhas impressões sobre você eram as melhores possíveis. Eu confiava em você. Confiava o suficiente para nunca hesitar em deixar a minha filha trabalhar ao seu lado.
Sentindo a culpa pesar no peito, Henri baixou levemente o olhar.
— Eu sei… — murmurou, sem graça.
Damião assentiu devagar.
— Pois é. Mas você quebrou a minha confiança de um jeito que eu jamais imaginaria. E não vou mentir… doeu. Doeu muito.
Respeitando cada palavra, Henri permaneceu em silêncio.
— No entanto… — continuou Damião, apertando os lábios antes de prosseguir — por mais que me custe admitir isso, eu sei que você não fez nada sozinho. Sei que a minha filha também estava de acordo com tudo. Mas, como pai… eu só pensei em defender a honra dela. Foi a única coisa que passou pela minha cabeça depois de tudo.
O silêncio se este