Catarina notou o olhar demorado dele e, por um instante, o ar pareceu rarear entre os dois. O modo como ele a observava, com o olhar de desejo reprimido, fez algo dentro dela estremecer.
Sem querer, seus pensamentos começaram a voar, arrastando-a para o passado, para uma lembrança que ainda vivia viva demais em sua memória.
Lembrou-se da casa de praia dos pais dele, o som das ondas quebrando ao longe, o cheiro do sal misturado ao vento quente do entardecer. Recordou o olhar dele naquele quarto, tão parecido com o de agora: intenso, hipnotizado.
Foi ali, naquele lugar, que se entregou pela primeira vez. O toque incerto, os corações acelerados…
Agora, de pé diante dele, com aquela lembrança latejando em sua mente, Catarina sentiu o coração apertar. Era como se o tempo tivesse voltado e, por um instante, o passado e o presente se confundissem, trazendo à tona tudo o que ela jurara nunca mais deixar acontecer.
— Estou preparando algo para comermos — disse ele, engolindo em seco, tentando