Ângela Méndez Jones
Eu pari uma cadelinha sentimental, não é possível. Dei a minha vida por aquela ingrata teimosa. Tem o dom de complicar o óbvio: estudar, aprender, seduzir, conquistar e destruir. Simples assim. Mas a cretina que eu gerei se apaixonou pelo Black Jr. Filha de uma… Ângela, não seja incoerente — filha de uma mãe exemplar.
Agora a princesa nórdica ruiva está ali, vivendo a vida que por direito foi minha.
Faz tanto tempo que nem lembro exatamente quando tudo começou. Os anos eram diferentes, o guaraná ainda vinha com rolha e, depois de tanto tempo longe desta cidade, tudo vem à tona como um filme. Sempre morei numa fazenda em São José dos Campos, mas nunca quis que minha vida se resumisse a colher milho e se casar com o filho do dono da suinocultura. Cruz credo! Já bastava meus avós paternos fugirem da guerra e parar aqui, por que não algo melhor? O Brasil nunca foi para mim. Só de pensar que sou metade britânica, me enjoa ter que ficar enterrada nesse chão.
No verão, se