Ângela Jones Méndez
A voz sai cortante, venenosa, carregada de tudo que guardei nesses anos: rancor, arrogância, desprezo e desejo de controle. Cada sílaba é uma lâmina; cada respiração, um aviso: a caçadora voltou.
Ela congela. Sorrio. Meu sorriso corta mais que faca. Não há arrependimento, só certeza: enquanto eu respirar, ela sentirá minhas cordas puxando, meu controle, minha fúria.
— Bom dia, mãe… o que faz aqui? — ela pergunta, meio ofegante.
— Vim te ver. Já que não atende meus telefonemas — coloco a mão no peito, teatral. — Você não vai acreditar, mas sinto a sua falta.
— Ah, está bem, dona Ângela… — diz com sarcasmo, tentando se manter firme. A cadela herdou do pai essa perspicácia que me irrita profundamente. — Vamos sair daqui o pai de Sean está à espera.
— Que oportuno… Black Sênior. Trinta anos que não vejo aquele sádico.
— Sempre foi educado comigo… — começa ela, mas interrompo, sem paciência.
— Cale a boca, criança. Não faz ideia do que aquele homem pode fazer. Vamos.
An