Alex

Droga. Repito isso até cansar: como consigo ser tão displicente comigo mesma? Há semanas minha agenda grita — não avisa, grita — sobre a manutenção do DIU. Três semanas e eu só aperto “adiar para próxima semana”. Droga, Alexandra Méndez Jones. Quando estou realmente furiosa comigo mesma, acrescento o sobrenome paterno — como se a formalidade amplificasse a bronca. Sou uma idiota. Uma cadela no cio, até, por ser tão negligente com algo tão importante.

Meus olhos procuram o teto, tentando fugir das palavras de Sean, do jeito que me chamou de “ótima mãe” e disse que até o ano que vem teríamos um “bebê”. Eu? Engravidar? Tudo que aprendi do mundo é manipulação, cobrança, dor, medo — e um punhado de afeto que sempre vem com juros. Como eu colocaria uma vida aqui, num mundo tão sujo, onde a mãe manipula o filho para massagear o próprio ego?

Sean não entende isso. Cresceu protegido; Magnólia sabe ser matriarca, organizadora de aniversários, líder de pilhas de cadernos escolares meticulos