Belfast, Inverno de 1984 - Willian O'Neill
Estou em um beco, olhando para o céu cinza, neve sob minhas botas e caindo no meu rosto. Tudo neste lugar é cinza e guerra. Minha vida poderia ser mais promissora que isso! Porém, o que esperar? Mais que isso? Filho de uma simplória feirante e de um sei lá quem. Minha herança? Miséria e tragédia a ser dividida com mais cinco horrorosos irmãos dentro de um cortiço imundo e superlotado. Meus dias eram contados em frio, fome e a constante ameaça da violência que permeava cada esquina.
Fazia uns serviços de merda, limpar janelas em prédios decadentes, ajudar uns barcos de pescar que mal traziam sustento. Cada mísera moeda ia para as mãos imundas da mulher que eu chamava de mãe. Ela não tinha tempo para afetos, aparentava mais idade do que possuía, e tinha engravidado mais vezes do que pariu. Eu, como o mais velho, vi cada uma delas e de pais diferentes. Descarregava cargueiros que vinham de toda parte do mundo: EUA, Canadá, Itália, Brasil e seu d