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Capítulo 16: Feridas abertas

POV Aurora

Leonardo não me soltava um segundo, e a forma como sua mão firme permanecia na minha cintura me deixava dividida entre sentir proteção... e sentir que ele me exibia.

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Alguns minutos depois, outro casal se aproximou. Desta vez, o homem parecia mais próximo de Leonardo: um pouco mais jovem, olhar penetrante, acompanhado de uma moça de cabelos loiros lisos e sorriso afiado.

— Finalmente nos encontramos, irmão — disse ele, batendo no ombro de Leonardo com intimidade.

— Ricardo — Leonardo sorriu de volta, embora seu sorriso fosse contido, como se dissesse não me toques, idiota. — Esta é Aurora, minha esposa.

Ricardo voltou-se para mim, e naquele instante senti o ar preso nos pulmões. O olhar dele demorou mais do que deveria, como se me analisasse de uma forma que me deixou desconfortável, além disso tenho certeza que é o mesmo moço que estava com o Leonardo no hospital.

— Então esta é a famosa Aurora... — disse, lento, como se saboreasse o som do meu nome.

Engoli em seco, mas mantive o sorriso educado. — Muito prazer, eu não sabia que era famosa, da última vez que verifiquei não era.

— Foi só um jeito de falar, infelizmente o seu marido não nos apresentou direito e eu estava muito curioso para conhecer você, e olha que a demora valeu a pena. — disse ele com uma piscadela, que me deixou desconfortável de novo.

Me encostei mais perto do Leonardo por instinto.

— Não te preocupes com ele, ele é mesmo assim com todo mundo. Só o ignora. — disse o Leonardo no meu ouvido baixinho e eu me senti mais calma.

A moça ao lado dele, de braços entrelaçados ao seu, pareceu não notar nada, ocupada demais em admirar a decoração.

Mas eu... eu senti aqueles olhos sobre mim, de um jeito estranho. Sacudi a cabeça por dentro e respirei fundo. Talvez fosse só minha imaginação. Talvez eu estivesse paranoica.

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Algum tempo depois, Leonardo se inclinou ao meu ouvido.

— Vou ao banheiro. Fique aqui, já volto.

Assenti, mesmo não gostando muito da ideia de ficar sozinha. Observei enquanto ele se afastava em direção ao corredor lateral. Mas, antes que pudesse desviar o olhar, percebi que ele parou. Não entrou no banheiro.

Uma mulher de vestido preto justo surgiu diante dele. Eles começaram a conversar. Primeiro, pensei que fosse algo breve, casual. Mas segundos se transformaram em minutos. Ela ria, colocava a mão no braço dele, e ele não parecia ter pressa em se afastar.

Um aperto desconfortável tomou conta da minha barriga.

"Ele disse que ia ao banheiro..."

Senti a respiração falhar. Aquele salão parecia pequeno demais, sufocante demais. Então, sem pensar muito, deslizei entre as pessoas e segui em direção ao bar.

— Você pode me dar um copo de água gelada. — pedi ao barman com a respiração um pouco falha e ele assentiu.

Ele deslizou o copo de água gelada até mim e eu o bebi, como se ele fosse o meu porto seguro.

— Respira, Aurora... respira... — murmurei para mim.

Meu coração disparou. E, de repente, tive a certeza de que aquela noite estava apenas começando.

Mas o pior ainda estava por vir.

Olhei ao redor e o salão continuava vibrante, cheio de vozes, risadas e o tilintar das taças de cristal. Eu me mantinha no mesmo lugar, tentando não parecer deslocada, enquanto Leonardo estava com aquela mulher no corredor. Tentei não pensar no jeito como ela encostava no braço dele, no sorriso que ele dava de volta. Tentei... mas falhei.

Segurei firme o copo de água, respirando fundo. Foi quando percebi uma presença ao meu lado.

— Então você é a esposa dele... — a voz era baixa, rouca, quase divertida.

Virei devagar. O homem à minha frente era imponente, de olhos frios, como se cada palavra fosse calculada. Um arrepio correu pela minha espinha, mesmo sem entender por quê.

— Desculpe... quem é o senhor? — perguntei, educada, mas cautelosa.

O sorriso dele se alargou, como quem gostava de provocar. — Apenas alguém que conhece bem o seu marido. Talvez até... melhor do que você.

Senti o estômago revirar, mas antes que pudesse responder, uma sombra caiu sobre nós.

Leonardo.

Ele surgiu como uma tempestade, os olhos verdes faiscando de fúria, a mandíbula travada. Sua mão agarrou a minha cintura com força, quase me sufocando.

— O que você pensa que está fazendo aqui? — a voz dele saiu baixa, carregada de veneno, mas não era para mim, era para aquele homem.

— Apenas conversando com a sua esposa. Não é proibido, é? — respondeu o outro, com um meio sorriso.

O coração batia alto dentro do meu peito. Leonardo não respondeu. Apenas me puxou com violência para fora dali, como se o simples fato de eu estar a um metro daquele homem fosse imperdoável.

Fomos parar no jardim, onde o ar frio da noite bateu contra meu rosto. Eu mal conseguia respirar, tamanha era a força com que ele me segurava.

— Me solta, Leonardo! — gritei, empurrando seu peito.

Ele me largou, mas se inclinou para mim, a raiva estampada em cada traço. — Eu te disse para ficar ao meu lado, Aurora! Mas não, você estava justamente com ele. Com ele!

— Ficar ao seu lado? Quem desapareceu foi você e eu não sabia quem ele era! — retruquei, a voz embargada de indignação. — Ele veio falar comigo, o que eu deveria fazer? Gritar no meio do salão?

— Deveria ter saído! — ele rosnou. — Deveria ter se afastado. Você não entende, eu não vou passar por isso de novo!

— Passar por isso de novo? — Eu não entendia do que ele estava falando.

— Você vai ficar longe dele, está me ouvindo. — disse ele, me sacudindo pelo braço.

— Me solta, você está me magoando. — ele me soltou.

— Não importa onde ele esteja, você não vai estar lá. Se ele estiver a vir até você, você vai sair de onde está e vai para outro lugar, se ele estiver na mesma mesa você sai.

— Você só pode estar maluco! Eu não sou um cachorro para você dizer “senta” e eu sentar, só falta você me mandar usar uma coleira.

— Quer saber, é mesmo isso! Você vai estar no meu lado o tempo todo. Se eu for no banheiro, você vai; se eu for para a pista de dança, você vai. Você vai ficar presa a mim, estamos entendidos?

— Não, não estamos. Eu não sou tua propriedade. — gritei.

— VOCÊ É MINHA ESPOSA!!! — gritou de volta.

— SÓ NO PAPEL. — olhei fundo nos olhos dele, verdes e cheios de raiva, ele parecia querer matar alguém, eu só não queria ser essa pessoa, mas se ele tentar mandar na minha vida eu não deixaria. — Só no pa... pel.

— Não importa! Ainda assim você é minha e você me pertence até o acordo acabar. Até lá você vai se manter longe de qualquer homem ou eu mato ele. Eu sou o seu dono, afinal você se vendeu para mim.

As palavras dele me atingiram como facadas. Dei um passo atrás, o peito ardendo.

Eu não me vendi, pelo menos não porque eu queria. Era necessário, era fazer isso ou perder a minha irmã, e eu não iria perder ela.

Mas ouvindo ele me chamar assim doeu. Eu não sei quem o traiu, mas sei que ela o deixou com uma ferida que com certeza ainda não está curada.

Mas ainda assim doeu, doeu muito ouvir ele jogar na minha cara que eu me vendi por dinheiro. Um dinheiro para salvar a vida da minha irmã.

— Então é isso?

Ele me olhava como se quisesse me atravessar, como se eu fosse culpada de um crime que nem sequer entendi.

— Você acha que eu não sei? — ele cuspiu as palavras. — Mulheres como você só aparecem quando sentem o cheiro do dinheiro. Sempre iguais: sorrisos fáceis, palavras doces... mas no fim são todas vulgares.

O mundo parou. Meu coração disparou de novo, pela dor do insulto, pela revolta que cresceu dentro de mim como fogo e por tudo que eu perdi e ouvi em tão pouco tempo. Antes que eu pudesse me conter, minha mão estalou contra o rosto dele.

O som seco ecoou no jardim silencioso.

— Nunca mais ouse falar comigo assim — sibilei, ofegante. — Eu não sou "todas". Eu não sou vulgar. E não sou objeto para você cuspir as suas frustrações.

O olhar dele se escureceu ainda mais, uma fúria quase insana brilhando nos olhos verdes. De repente, sua mão subiu e fechou-se contra meu pescoço.

Arfei, surpresa, e minhas mãos foram instintivamente às dele, tentando afastá-lo. O ar parecia escapar rápido demais, meus pés vacilaram. O rosto dele estava a centímetros do meu, distorcido pelo ódio.

— Você não entende, Aurora... — a voz dele era baixa, mas cheia de veneno. — Eu não vou ser feito de idiota outra vez. Nunca mais.

O pânico e a raiva se misturaram dentro de mim. Minha visão começou a ficar turva, mas ainda assim não desviei os olhos dos dele.

— Então me mate de uma vez... mas não me trate como uma mentira que eu nunca fui.

Nesse momento, uma voz rompeu o ar carregado:

— Leonardo! Solta ela, agora!

Um braço firme puxou ele para trás com força. Tossindo, levei a mão à garganta dolorida, tentando respirar.

Era Ricardo, o amigo dele. Os olhos estavam arregalados, chocados, mas também firmes ao segurar Leonardo.

— Você enlouqueceu?! — Ricardo gritou. — Está machucando a sua própria esposa!

Leonardo parou, mas ainda respirava como um animal acuado, o olhar fixo em mim, como se eu fosse a ameaça.

Afastei-me um passo, tremendo, mas firme. Encontrei coragem dentro do meu peito dolorido e encarei os dois.

— Se eu sou sua esposa, Leonardo... então comece a me tratar como tal. Porque eu não vou ser a sombra de um fantasma que te traiu. Eu não sou ela. Seja ela quem for.

O silêncio caiu pesado. Leonardo não disse nada, apenas passou a mão pelo rosto, respirando fundo, como se tentasse se recompor. Ricardo ainda o segurava, e eu recuei mais um passo, o coração acelerado.

Naquele instante, percebi: eu podia ter medo dele... mas nunca deixaria que esse medo me calasse.

— Você só quer me controlar, como se eu fosse uma boneca que você coloca onde quiser. Eu não sou propriedade sua, Leonardo. Eu sou dona de mim.

Ele passou as mãos pelos cabelos, como se tentasse conter a própria fúria. Mas em vez de se acalmar, me lançou um olhar firme, quase cruel.

— A partir de agora, você não sai de perto de mim. É por bem... ou por mal.

Engoli em seco, a raiva queimando dentro de mim. — Então prepare-se, porque eu não vou abaixar a cabeça para você.

O silêncio entre nós era denso, insuportável. Sem mais uma palavra, ele empurrou Ricardo e me puxou de volta para o carro.

O caminho até em casa foi feito em silêncio, mas cada segundo parecia gritar.

E eu sabia que aquela briga estava longe de terminar.

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