Emma narrando
A delegacia tem aquele cheiro típico de café velho, papel amarelado e cansaço. Gente entrando, saindo, vozes cruzando umas às outras, impressoras que nunca param. É cedo demais para esse tipo de movimento, mas aqui, aparentemente, não existe “hora tranquila”.
Ao meu lado, Thomas está de braços cruzados, com cara de quem quer comprar o prédio inteiro só pra me tirar daqui mais rápido.
— Você está revirando os olhos. — murmuro, sem encará-lo.
— Porque isso aqui é uma perda de tempo. — ele responde com a voz baixa, mas tensa. — Você está emocionalmente abalada e esses homens não vão mover uma palha até acontecer algo de verdade.
Viro de frente pra ele com um olhar afiado.
— A casa em chamas não foi real o suficiente pra você?
Ele suspira, mas não recua. Claro que não. Thomas nunca recua.
— Estou dizendo que podemos resolver isso de outra forma. Com recursos melhores. Contratar um advogado, um investigador privado. Eu tenho contatos, Emma. Isso aqui é só um show inúti