LARA
O medo, disfarçado de prudência, me faz hesitar antes de girar a maçaneta do quarto da minha mãe.
Ela está sentada à penteadeira. Cabelos penteados com esmero, um batom suave nos lábios, e uma blusa florida que parece ter sido escolhida para combinar com um humor que eu não reconheço. Quando me vê no espelho, sorri — um sorriso largo, inesperadamente vivo.
— Ele veio. — A voz dela é leve. Quase musical. — E, Lara... meu Deus, ele continua lindo.
Não respondo de imediato. Entro devagar, fecho a porta atrás de mim e me apoio contra ela, como se o mundo inteiro estivesse do lado de fora e eu precisasse me manter firme para não deixá-lo entrar.
— Você ficou bem com ele aqui? — pergunto.
— Bem? — Ela ri, e há algo juvenil demais naquele som. — Eu me senti viva de novo. Ele é o mesmo. O mesmo homem doce. As palavras, o olhar, o jeito como segura a minha mão... é como se o tempo não tivesse passado.
Ela gira na cadeira e me encara, os olhos brilhando como se tivessem voltado trint