ISADORA
Coloco Enrico no meu ombro, apoiando a cabecinha dele com cuidado. Ele já mamou, mas ainda está com aquele ar sonolento que me derrete inteira. Dou palmadinhas leves nas costas, num ritmo automático, e espero.
— Por que precisa fazer isso? — a voz de Sebastian surge às minhas costas, baixa, mas curiosa.
Viro o rosto, surpresa por vê-lo parado na porta do quarto, apoiado na muleta, os olhos fixos em mim e no bebê.
— Para ele arrotar — respondo, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Ele franze a testa, incrédulo.
— Arrotar? Isso é necessário?
— Claro! — digo, tentando conter o riso. — Se ele não arrota, o leite pode voltar, ou ele fica com cólica. É tipo… sei lá, como se você bebesse uma garrafa de refrigerante e guardasse todo o gás dentro. Imagina a explosão.
A expressão dele muda, primeiro confusa, depois rendida. Sebastian ri. Um riso de verdade, solto, que ecoa pelo quarto e me pega de surpresa. Eu rio junto, quase sem perceber. E por alguns segundos