Andrews Smith
Ela desligou.
Simples assim.
Fria. Precisa. Sem aviso.
Desligou como quem vira as costas para um incêndio, achando que, por ignorá-lo, ele vai deixar de queimar.
Fiquei imóvel por alguns segundos, mudo. O sangue latejando nas têmporas. Os olhos cravados na tela preta como se ainda pudesse vê-la ali, como se o vulto dela permanecesse no vidro como um reflexo maldito que não queria desaparecer.
Ela me cortou. Ela ousou me cortar. Como se eu fosse qualquer um. Mas eu não sou qualquer um.
Eu sou Andrews Smith. E ela… é minha.
Minha mão, que ainda repousava sobre o braço da poltrona, fechou-se com força até os nós dos dedos ficarem brancos. A raiva começou como uma pressão no estômago, uma fisgada seca no peito, subindo como fumaça e então explodiu.
Me levantei num rompante, arrastando a cadeira junto com um chute. A câmera, ainda acoplada à borda da mesa, foi atingida pelo meu braço e caiu com um baque seco no chão. A lente quebrou.
E eu não senti nada. Nem um pingo de arre