Apartamento de Natália e Nicole | 02h27 da madrugada
O silêncio no apartamento era denso. Tenso. Cortante.
A única luz acesa vinha do abajur ao lado do sofá. A chuva insistia em cair lá fora, como se refletisse a tempestade dentro daquelas paredes. Irina já havia se recolhido há minutos, desaparecendo para dentro do quarto como uma sombra esgotada sem se explicar, sem chorar, sem dizer se estava bem.
Mas as amigas… não conseguiam descansar.
Natália caminhava de um lado para o outro da sala com a respiração descompassada, como uma fera presa. Os braços cruzados, os olhos vermelhos, a mandíbula travada de tanto conter a revolta.
Nicole permanecia sentada no sofá, os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos juntas em frente ao rosto. O olhar fixo na porta fechada do quarto de Irina.
Foi Natália quem quebrou o silêncio. Com um grito abafado. E um palavrão alto, dolorido. Ela socou uma das almofadas com força, como se aquilo pudesse libertar a angústia que se acumulava em seu peito.
— Eu vo