O som do motor ecoava como um rugido engasgado pelos túneis que levavam ao centro de Manhattan. Evan não se importava com os faróis vermelhos, com os limites de velocidade, com os pedestres que saltavam assustados diante da máquina preta que cruzava as avenidas feito um raio de tempestade.
As mãos apertavam o volante com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. O maxilar travado, a garganta seca, os olhos fixos no vazio da frente. Ele não lembrava como saiu do estacionamento. Só lembrava das palavras.
“Você será sempre nosso filho…”
“Está na hora de parar de agir como um moleque…”
“Me ouve, Evan…”
Me ouve.
Palavras podres, ditas tarde demais.
O elevador da cobertura abriu com um estalo metálico. Ele entrou com os passos rígidos, como um autômato vestido de alfaiataria impecável. O silêncio do apartamento o recebeu como sempre: um santuário frio e estéril. Mas havia algo diferente naquela noite.
Ele estava sozinho… mas não ileso.
As chaves foram lançadas sobre a bancada com fo