Andrews Smith
Já se passaram três horas desde que acordei, e nem por um segundo ela deixou a minha cabeça.
Irina…
O nome dela pulsa em mim como um mantra doentio, como uma febre que não cede, como uma música repetida até o delírio. Caminho de um lado para o outro no meu apartamento, a camisa aberta, o peito arfando sem motivo aparente. O cigarro apagado entre os dedos e a xícara de café intocada sobre a mesa são testemunhas mudas da minha ansiedade. Não é fome o que sinto, nem sede. É um calor estranho nas entranhas que só aumenta.
Desde sempre, esse nome me soa como uma oração e uma sentença ao mesmo tempo. Irina é como o nascer do sol num campo coberto de névoa, misteriosa e inalcançável, mas eu a vejo com clareza absoluta. Sempre vi. Mesmo quando ela ainda era pequena demais para entender o mundo, para entender a mim. Mesmo quando eu era só um garoto de doze anos, cheio de silêncios e vontades que não sabia nomear. Eu já a via. Já a sentia.
Ela tinha oito anos. E eu, doze. E mesmo