O silêncio do apartamento parecia zombar dele.
Evan Médici estava sentado no home office escuro da cobertura como uma estátua de marfim sob a luz azulada do monitor ultrawide. Não acendeu nenhuma lâmpada. Não precisou. A única claridade vinha da tela, refletida nas bordas rígidas do paletó Armani que ele sequer tirou ao chegar. As abotoaduras douradas ainda estavam nos punhos, como se a formalidade da aparência pudesse sustentar a ilusão de que ainda estava no controle.
Mas não estava.
O relógio no canto da tela marcava 21h06. O ponteiro dos segundos avançava implacável, e cada tique era uma provocação, como se dissesse: ela já chegou ao restaurante…
O cursor piscava.
Ali, no canto da interface da plataforma onde assistia aos shows privados de Irina como quem assiste à própria perdição em looping. E ele viu. Viu a confirmação que não queria acreditar verdadeiramente. Irina havia aceitado o convite. Um jantar com um novo cliente. Um encontro reservado fora da plataforma. Um encontro de