A cidade parecia adormecida sob o céu nublado, mas dentro de Irina, o mundo fervilhava.
Ela não se lembrava do trajeto entre o estúdio e o apartamento das amigas. Só sabia que precisava sair dali. Longe dos espelhos, longe do colar, longe de qualquer coisa que tivesse o cheiro de Andrews.
O táxi mal havia parado quando ela saltou do carro, atravessando a calçada apressada, com o capuz do casaco escondendo parte do rosto. O interfone foi pressionado com força. Um, dois, três toques — quase como pedidos de socorro codificados.
— Já vai! — gritou uma voz abafada do outro lado.
A porta se abriu segundos depois, revelando Nicole de moletom, com uma xícara de chá nas mãos.
— Irina?
O tom surpreso logo deu lugar à apreensão. O olhar da amiga percorreu seu rosto, o corpo rígido, os olhos vidrados.
— O que aconteceu?
— Posso entrar?
Nicole apenas abriu mais a porta, dando passagem.
— Claro. Natália está no banho, mas…
— Eu preciso falar com vocês.
Irina atravessou o corredor do apartamento com