26. Cicatrizes Invisíveis
Brenda Ortiz
— Alma? O que faz aqui? — pergunto, assustada.
— Vim buscar um copo de leite para o nosso pai tomar os remédios e ouvi um barulho na cozinha. Quando fui verificar, imaginando ser um ladrão ou um animal, me deparei com vozes... ou melhor, com urros que mais pareciam de uma fera selvagem — ela diz, me encarando com um certo nojo.
— Eu posso explicar. As coisas não são como você pensa. Fui obrigada a fazer aquilo, Alma — falo, aflita, puxando-a para dentro do cômodo e encostando a porta.
— Não seja ridícula. Pensa que me engana? Tanto Margarida quanto eu sabemos que tipo de pessoa você sempre foi. Nunca se contentou com a vida humilde, porém digna, que nossos pais nos ofereceram e preferiu se transformar em uma mulher qualquer — ela diz com desprezo.
Minha mão se move antes que eu possa conter o impulso, e o tapa estala contra seu rosto. O copo de leite cai no chão e se estilhaça na mesma hora.
— CALA ESSA BOCA! — minha voz sai mais alta do que eu desejo. — Você não é ningué