Deena enfrenta a difícil situação de lidar com Anton, um ex-parceiro problemático que constantemente pede dinheiro e traz perturbações à sua vida, além de ter uma filha dessa relação. Para escapar desse cenário, ela opta por viver em uma fazenda solidária que cultiva alimentos para doação. Nesse ambiente, Deena encontra paz, até que Henry, um conhecido de uma noitada, surge. Agora, os dois terão que trabalhar juntos por três meses em serviços comunitários devido a um incidente em um bar. A questão é a grande diferença entre eles: Henry é um rapaz rico e mimado, enquanto Deena é trabalhadora e enfrentou muitas dificuldades. Essas disparidades fazem com que oscilem entre o amor e o ódio várias vezes ao dia. Será que essa relação tem futuro?
Leer másDEENA
— Isso mesmo, meu amor, cave mais! — digo para minha filhinha Eve, enquanto a ajudo a abrir espaço na terra para plantarmos uma batata.
— Assim, mamãe? — ela pergunta com a mãozinha no ar, apertando a terra úmida entre os dedos. Sorrio afirmando com um movimento de cabeça.
— Isso mesmo, querida. Agora vamos colocar essa batata velha para dormir aqui e cobri-la com toda essa terra que tiramos. — vou dizendo enquanto minhas mãos trabalham. Eve b**e com as mãozinhas sobre a terra várias vezes animadamente, ela ama plantar e eu amo vê-la assim, tão feliz.
Olhar para ela tão contente me dá ainda mais certeza de que eu fiz a escolha certa ao vir para Red Springs. Aqui, Anton não pode me encontrar.
Eve tem três anos e é a coisa mais linda da minha vida, pena ela ser fruto de uma relação tão conturbada.
Conheci Anton quando trabalhava em um supermercado em New Jersey, eu tinha dezessete anos e ele vinte e dois. Ele me prometeu tantas coisas que pensei que ele realmente fosse o príncipe da minha vida. Pagava todas as contas quando saíamos, abria a porta do carro, me cobria de elogios e sempre dizia que me amava. Dentro de um ano nos casamos e fomos morar em uma pequena casa, quando os problemas começaram: ele saiu do emprego e começou a passar o dia inteiro em bares. Sempre que eu me irritava ele dizia que iria melhorar, que aquilo era passageiro e que ele poderia ser diferente. Eram tantas súplicas que, no fim, eu aceitava. Até que um dia, descobri que ele, não só gastava todo o dinheiro que eu colocava em casa, como passava o dia me traindo. Decidi que iria embora, peguei todas as minhas coisas e fui para a casa de meus pais, não poderia mais aceitar aquela vida.
Não foi nada fácil! Ele ia até a frente da casa de meus pais e ficava gritando e chutando a porta até que chamássemos a polícia. Foi desgastante para todos nós e no fim, não aguentava mais minha mãe dizendo que eu deveria voltar com o meu marido porque aos olhos de Deus seríamos sempre casados, por isso, com o apoio de uma velha amiga, consegui alugar uma casa. Qual não foi a minha surpresa, ao descobrir, dois meses depois que eu estava grávida de Eve.
— Mamãe, será que a gente pode plantar um papai, assim, que nem essa batata? — a voz de minha filha me arranca de minhas lembranças.
Ela não sabe que Anton é o pai dela, mesmo já o tendo visto várias vezes. Ele sabe que é pai dela, mas nunca se interessou e nem interagiu com ela como um pai deveria fazer. E eu, tampouco me importo. Todas as vezes que apareceu depois de saber sobre Eve foi para me chantagear dizendo que pegaria a guarda dela na justiça ou implorar por ajuda financeira para pagar suas dívidas de jogos. Eu não aguentava mais, precisava de ar. Foi então que fiquei sabendo da Fazenda Paterson em Red Springs, onde eu poderia morar em troca do meu trabalho.
Retiro a luva grossa e imunda com que revolvia a terra, suspiro e retiro delicadamente uma mechinha de cabelo do rosto dela.
— Eve, não é assim que funciona. — respondo.
— Então, como é que é? — pergunta com seus grandes olhos azuis cheios de expectativas. Movo-me desconfortável, penso um pouco.
—Bem... a mamãe teria que encontrar um homem que fosse bom com a gente, namorá-lo e conhecê-lo muito bem e, isso pode demorar muito tempo.
A pequena faz um muxoxo e se levanta batendo as mãozinhas na jardineira jeans, claramente decepcionada. Alcanço sua mãozinha em acalento.
— Então faça isso logo, mamãe. Daqui a pouco já serei grande e não vou precisar mais. — dizendo isso vira as costas e sai correndo em direção a nossa casa.
Respiro fundo, me sentindo frustrada. Sempre me sentia assim quando Eve me pedia um pai. Queria poder realizar o seu desejo, mas como eu poderia fazer isso, sendo que estava tão machucada? As vezes eu saio para curtir com as minhas amigas e acabo ficando com alguém, mas é sempre momentâneo, não estou pronta para um relacionamento. E se eu escolher errado novamente? Agora é diferente, eu tenho uma filha e não posso decepcioná-la ainda mais.
— Senhorita, Hoyth! — escuto, as minhas costas, a voz da gerente da fazenda me chamar. Era uma das cinco senhoras Paterson, Welma Paterson é uma mulher de meia idade e está sempre séria, por isso me levanto rapidamente espalmando minhas mãos pela calça jeans para tirar a terra e me volto para ela. — Senhorita Hoyth, — ela começa arfando um pouco por ter vindo correndo. E, sim. Eu sou Deena Hoyth. — você sabe como estamos tão ocupados com as igrejas vindo buscar as... — parou um pouco para respirar novamente.
— Doações. — completo.
— Sim, querida. Por isso, não estou podendo atender, ficarei no estoque o dia todo. Tem uma assistente social lá no escritório, pode atender para mim?
— Eu estou imunda sra. Paterson. — fingindo não me ouvir, volta para o caminho de onde veio. Bato um pouco mais as minhas roupas, o que de nada adianta, porque estou quase igual a batata que acabamos de plantar.
Chegando ao escritório vejo uma moça de terninho com uma pasta na mão, cabelos pretos bem presos em um coque e maquiada. Me encara de cima a baixo, denotando uma certa repulsa em seu olhar. Penso em estender a mão em um cumprimento, mas depois de sua reação, enfio as mãos nos bolsos da calça jeans larga.
— Bom dia! — digo educadamente.
— Bom dia! Você é uma das Paterson? — me questiona séria.
— Não, sou assistente de Welma Paterson. — Minto. — Vamos entrar?
Espero que ela entre e se acomode, antes de fazer o mesmo atrás da velha escrivaninha de madeira clara.
— Sou Cloe Madder, assistente social. Eu vim até aqui pelo sr. Henry Denis. — assinto com a cabeça para que prossiga. — Ele vai cumprir a pena dele com Serviço Comunitário e eu vou precisar dos dados de quem vai acompanhá-lo.
Sinto meu sangue esquentar e congelar. Um criminoso na fazenda?
— Eu preciso saber se ele é perigoso, você sabe, há crianças na fazenda.
Ela respira fundo e revira os olhos.
— Não o traríamos para cá se fosse perigoso. Você pode me passar seus dados? Eu não tenho o dia todo.
Que mulherzinha irritante! Tenho vontade de mandar para que volte de onde veio, porém ela é uma autoridade. Pego os documentos de sua mão e os preencho rapidamente atirando-os de volta para ela em seguida. Ela percebe minha irritação e se levanta. Abro a porta do escritório para que ela saia, mas o que acontece é que dou de cara com um homem alto de barba e cabelos escuros. Olho bem para aqueles olhos verdes. Eu os conheço. NÃO!
— Você, aqui?!
DEENAClaro que eu não conseguiria fazer uma viagem de lua de mel tranquilamente, sabendo que meu bebê de dois meses estaria tão longe de mim, por isso, escolhemos um resort a quatro horas de distância da fazenda, o que também foi muito difícil de aceitar, mas Henry me prometeu que deixaria um helicóptero a disposição, em caso de urgência.O lugar é um paraíso de tranquilidade, bem do jeito que eu gosto, só que no litoral. Da grande varanda que sai das portas de vidro da suíte presidencial, posso ver o mar em toda a sua bravura e imponência, o céu todo em azul Royal.— No que está pensando, meu amor? — Henry diz enlaçando a minha cintura e me aconchegando com o calor do seu corpo as minhas costas.— Só na beleza que é tudo isso... queria que Eve pudesse ver isso também.— Eve vai ter todo o tempo do mundo para vir aqui, mas hoje, Boneca, somos só eu e você.Me afasto dele, para o encarar.— Nós também vamos ter todo o tempo do mundo.— Você não me quer? — ele choraminga.É claro que eu
HENRYPara um dia de Outono, está bem ensolarado, Deena escolheu a data certinha. Temos os tons terrosos da estação, mas algum resquício do calor do Verão.As cadeirinhas brancas estão dispostas em duas fileiras, com uma linda passagem no meio, um tapete vermelho que leva a uma plataforma enfeitada de flores e folhas amarelas e brancas e vermelhas. A decoração foi presente das mulheres da fazenda. Claro, que eu sugeri empresas muito mais experientes, mas Deena ficou muito brava comigo em todas as vezes que abri a minha boca. Disse que o valor afetivo não tem preço. Por isso temos flores amarelas, vermelhas e brancas. Eu disse a ela que era melhor escolher um dos tons com branco, quando ela me mandou parar de ser tão Dennis, que homens da fazenda não se metem em decorações de casamento.A verdade é que não me importa as cores das plantas, desde que eu a leve para a Lua de Mel esta noite e tire o vestido dela, não importa as cores das plantas se ninguém nunca mais possa nos separar, não
DEENA— Mamãe!!! — Eve vem gritando me abraçar. Coloco as mãos na barriga, para proteger a cirurgia do choque. Assim que ela percebe, seu rostinho muda para uma expressão surpresa e frustrada. Me sinto muito mal por isso, mas a levo pela mãozinha até o sofá. Ela se senta ao meu lado, movendo o maxilar de um lado para o outro. Sei que está rangendo os dentes, sempre faz isso quando fica ansiosa.Levanto a minha blusa e abaixo um pouco o cós da calça para que ela veja.— Olha aqui, tiveram que me cortar para tirar seu irmãozinho.Ela toca de leve a marca, mas logo tira a mãozinha, como se a cicatriz a queimasse.— Cadê ele? — ela pergunta, olhando em volta. — Seu pai está trazendo. Você sabe como ele é, está tendo dificuldades com a cadeirinha.Não é verdade, é só que eu queria conversar com ela antes. Ela olha para fora, curiosa.— Enquanto eles não entram, queria te dar uma coisa. — tiro uma caixinha azul do bolso das minhas calças largas de moletom. Azul é sua cor favorita. — Vamos l
HENRY— Podemos ir a um lugar mais reservado? — minha mãe pergunta ao me ver me sentar na sala de espera.— Olha, eu não vou me distanciar da minha mulher e do meu filho, só para ouvir merda vinda de você.Me arrependo no minuto em que termino de falar, afinal de contas, ela é a minha mãe. Espero uma resposta sarcástica, porém o que vem depois disso, me pega totalmente despreparado. Ela se senta, apoia os cotovelos nos joelhos, a cabeça nas mãos e chora convulsivamente.Ah, não! Ela quer transformar o meu momento, no momento dela. Viro as costas e sigo para o quarto de Deena.— Filho... espera!Escuto as minhas costas. Paro sem olhar para trás.— Só... só me escuta um pouco, por favor!Dou mais alguns passos em direção ao quarto.— Só... me deixe me desculpar com você.Droga! Volto alguns passos e a encaro de frente.— Se desculpar sobre o quê? Sobre o casamento com Katiana? Sobre atrasar a minha felicidade, maltratar a minha mulher? Sobre o quê?— Tudo! — ela diz em um grito sufocado
DEENAMeu bebê está vivo e só isso que importa. A Dra. Wins está falando alguma coisa sobre o meu útero e minha cirurgia, mas eu não quero ouvir, quero ver meu filho.— Onde está Dean? Quero ver meu filho!— Ele ainda está se recuperando, não poderá pegá-lo...— Eu pre-ci-so ver meu filho, agora! Preciso saber que ele está bem.Henry segura firme uma das minhas mãos.— Se existe uma maneira de vermos nosso filho, gostaria que fosse agora. — ele reitera. O Dr. McDowell levanta uma sobrancelha e troca um olhar com a obstetra.— Vamos ver o que podemos fazer. Assim que terminamos a avaliação de vocês e for mais propício, vocês vão ver o pequeno Dennis.O Pequeno Dennis? Isso foi tão estranho!— Bom, se precisar de ajuda psicológica com relação a Histerectomia e ao parto de Dean, podemos marcar uma consulta com a Doutora...— Já tenho um terapeuta. Está tudo bem, só quero ver meu filho.— Ok. — ela diz, um pouco antes de sair.Assim que eles fecham a porta, Henry afasta as cânulas presas
HENRYTento confortá-la, dizendo que somos capazes de passar por isso, abraçando-a, mas seus braços permanecem imóveis, enquanto seus olhos se arregalam em pânico. Deve ser muito difícil para uma mulher passar por um parto traumático como esse. Não sei o que dizer para tranquilizá-la, se meu coração também está em pedaços....Segui normalmente, com o plano original do aniversário de Eve, decoramos o parquinho com balões azuis, que era o que ela havia pedido, bandeirolas com as letras de seu nome e uma mesa redonda e azul com o bolo em um prato alto e cheia de guloseimas em volta.As crianças correram e brincaram, enquanto meu coração estava em chamas, eu sabia que havia algo errado, queria acabar com a festa rapidamente, mas de um jeito que não alarmasse Eve, por isso, eu e Judith coordenamos umas cinco brincadeiras e partimos para o Parabéns, tiramos fotos e assim que os convidados começaram a ir embora, deixei Judith e duas das filhas de Koren arrumando a bagunça, enquanto corri pa
Último capítulo