O escritório cheirava a madeira encerada e a uísque caro.
O sol atravessava as cortinas pesadas, riscando o chão com faixas douradas que pareciam dividir o espaço em territórios invisíveis e Oscar Villeneuve, como sempre, já havia escolhido o seu.
Quando Dorian entrou, o pai estava de costas, girando o copo entre os dedos, o líquido âmbar reluzindo nos detalhes do cristal.
Serviu-se sem pedir permissão, sem sequer olhar para o dono do escritório.
Um gesto simples, mas que dizia tudo: a autoridade não se pede, se impõe.
— Que história é essa, Dorian? — a voz de Oscar soou calma, mas cortante. — De namorar uma ninguém? E pior: de tornar isso público? O nome Villeneuve estampado em manchetes de fofoca, como se fôssemos uma piada de salão?
Dorian parou diante da mesa, mãos nos bolsos, olhar frio.
— Desde quando se declarar a alguém é um escândalo, pai?
Oscar soltou uma risada breve e sem humor.
— Desde que esse “alguém” não pertence ao nosso mundo. Você sabe muito bem que estou