O som do relógio de parede marcava 7h.
O sol invadia os corredores da mansão com a mesma sobriedade dos móveis antigos — luz fria, controlada, sem calor.
Dorian ajustava os botões da camisa enquanto caminhava em direção à escada.
O rosto sério, o cabelo impecavelmente penteado para trás. A mente, como sempre nos últimos dias, longe dali.
No lado oposto do corredor, Francine surgia com uma pilha de roupa de cama nos braços, equilibrando lençóis e fronhas como se aquilo fosse suficiente para esconder o próprio rosto — não era.
Os passos deles se cruzaram no centro da escada.
Ele descendo para o café. Ela subindo com o uniforme impecável, postura reta, expressão neutra.
Nem um bom dia.
Silêncio.
Mas no exato instante em que os corpos se desencontraram, a voz dela — firme e baixa — escapou, como se falasse sozinha:
— É só conquistar ele...
Dorian parou por um segundo no meio do degrau, sentindo a frase ricochetear nas costas como se fosse uma provocação calculada.