Naquela semana, Francine parecia ter engolido um motor.
Se antes já era ágil no café, agora ela estava em outro nível. Subia e descia os corredores com as bandejas, sorria para cada cliente e mal tinha tempo para respirar.
Mas, no fundo, adorava aquela sensação de estar sempre em movimento.
— Francine, desacelera um pouco, você vai desmaiar desse jeito! — o patrão ralhou um dia, quando a viu equilibrando três pratos na bandeja.
Francine soltou uma risadinha, suada, mas radiante.
— Desmaiar? Seu Pierre, eu tô é voando!
O patrão balançou a cabeça, divertido, mas satisfeito em ver que o brilho nos olhos de Francine estava voltando.
Assim que o café fechava, quando qualquer um só pensaria em cama, a esposa de Pierre, Adele, já puxava Francine pela mão:
— Vamos, a corrida nos espera!
Elas desciam as ruas frias de Paris, correndo lado a lado, as luzes da cidade refletindo no Sena.
No começo, cada passada era uma tortura. O corpo de Francine gritava, seus pés latejavam,