Francine levou a xícara aos lábios, mas o chá esfriava em suas mãos. O aroma suave não tinha efeito algum sobre a tempestade que se formava dentro dela.
O olhar fixo no vazio denunciava o que as palavras, até então, não tinham conseguido sair.
— Ele acabou comigo, Malu… — a voz saiu rouca, quase um sussurro.
Malu se aproximou, apoiando a mão sobre a dela, firme e quente.
— Fran, não dê a ele esse poder. Você consegue seguir sem ele.
Francine respirou fundo, mas o ar pareceu preso nos pulmões.
— Ele me ameaçou… — a confissão veio com um tremor, como se tivesse medo de que apenas repetir aquilo já fosse chamar a desgraça para dentro da cozinha. — Disse que vai contar pros meus pais onde eu trabalho.
Malu franziu a testa, surpresa.
— E por que isso é uma ameaça?
O riso que escapou de Francine foi amargo, sem alegria.
— Porque meus pais não valem nada, Malu. — ela ergueu o olhar, os olhos marejados refletindo uma dor antiga. — São dois golpistas. Dois parasitas qu