Dorian chegou em casa mais tarde do que o habitual naquela noite.
Tirou a gravata com calma, apoiou sobre a poltrona do escritório e passou os olhos pelo ambiente.
Tudo parecia no lugar, em excesso, até.
Os livros perfeitamente alinhados, a lixeira vazia, a gaveta ligeiramente revirada.
Pequenos detalhes, imperceptíveis a olhos comuns. Mas não aos dele.
Pegou o telefone e ligou para a governanta.
— Denise, quem organizou o escritório hoje?
Do outro lado, uma pausa. Depois a resposta:
— A Francine.
Um sorriso cínico se desenhou nos lábios dele.
— Mande ela vir aqui. Agora.
Na cozinha, Francine tentava manter uma conversa com Malu, mas sua cabeça estava longe, mergulhada nas gavetas vasculhadas, nas folhas remexidas, no chão aspirado duas vezes por pura ansiedade.
Quando viu Denise se aproximando com aquele olhar curioso, seu estômago revirou.
— Aconteceu alguma coisa? — Denise perguntou, olhando de Francine para Malu.
— Nada de mais. Estou só cansada. Organizar o escritório do senhor D